O executivo municipal da Mealhada aprovou, por maioria, com os votos contra dos eleitos da coligação «Juntos pelo Concelho da Mealhada», «um financiamento a longo prazo no montante de dois milhões de euros», uma medida de prevenção perante um cenário de crise económica que os próximos dois anos possam acarretar, afirmando Rui Marqueiro, presidente da Autarquia, não ter intenção «nenhuma de utilizar este investimento». Uma opção que não convence a oposição que lamenta «esta nova fase de gestão financeira municipal, com objetivos pouco claros e politicamente frágeis».

O pedido de financiamento, preventivo, pretende garantir que as obras – com maior valor orçamental -, tanto as que estão em curso, como as que entrarão nos próximos tempos, tenham garantias de financiamento, numa situação de eventual necessidade e quebra de receita de impostos ou estatais. Mas o presidente da Câmara da Mealhada afiança não ter «nenhuma perspetiva de utilizar o investimento». «A Câmara não precisa de recursos financeiros para fazer tudo aquilo que tem para executar», enfatizou.

«Em 2022 haverá cortes de certeza e os recursos serão muitos poucos para as autarquias locais», perspetiva o autarca, garantindo que, neste momento, «há muito crédito e barato» e que a proposta levada, na manhã de ontem, a votação, «é de longe a mais vantajosa», não acarretando custos para o Município «para o caso do dinheiro não ser usado», até porque o financiamento fica aprovado, mas não contraído.

Uma opção que mereceu os votos contra dos três vereadores da oposição, Hugo Silva, Sónia Branquinho e Sara Ferreira. «Ninguém se endivida sem haver necessidade», disse Sónia Branquinho, questionando se «se justifica esta medida de preocupação?». Já Hugo Silva declarou: «O que está previsto é pouco claro e não tem qualquer compromisso com datas, execução ou qualquer outra informação. Assim sendo, entendemos não votar favoravelmente esta nova fase da gestão financeira municipal, com objetivos pouco claros e politicamente frágeis».

Esta aprovação foi, aliás uma das razões alegadas pela oposição para votarem contra o apoio, deliberado na manhã de ontem, aos ventiladores com monitorização adquiridos pela Misericórdia da Mealhada. «Entendemos não ser prioritário este investimento», disse Hugo Silva, justificando-se com «a contração de um empréstimo de dois milhões de euros», por um lado, e, por outro, com «a recente doação de um imóvel (da Câmara à Misericórdia) que permite consolidar o projeto de um novo espaço» da referida instituição.

 

 

Mónica Sofia Lopes