O Dia Mundial da Segurança e Saúde no Trabalho é um dia celebrado a nível global pela Organização Internacional do Trabalho, a 28 de abril, cuja temática deste ano é os “Impactos das mudanças climáticas na segurança e na saúde no trabalho” (Trabalho, 2024).

Assim sendo, este dia também tem como objetivo relembrar todas as pessoas que sofreram algum tipo de acidente no trabalho ou que sofrem de doença derivada da atividade profissional (E-coordina, 2023).

Atualmente, as alterações climáticas detém mais impacto no nosso quotidiano do que podemos visualmente observar. Para além dos efeitos nefastos na Natureza, há implicações nas condições laborais, afetando a segurança e a saúde de todos que trabalham. Existem eventos climáticos cada vez mais fortes que potenciam o risco para estas pessoas, que consistem no stress térmico, radiação UV, poluição no ar, acidentes industriais graves, aumento de doenças por vetores e da exposição a produtos químicos (Trabalho, 2024).

No ambiente laboral existem várias mulheres que cumprem com as suas funções úteis para a sociedade e que têm idade superior a 45 anos, até porque a população portuguesa é naturalmente mais envelhecida. Em 2022 existiam 5 465 555 mulheres (INE, 2023) e em 2021, 2 854 246 destas tinham mais de 45 anos (SPG, 2022).

Estas mulheres geralmente vivenciam a transição para a menopausa que é acompanhada por vários sinais e sintomas que podem ser exacerbados pelas alterações climáticas, consoante a tipologia de profissão que desempenham.

Deste modo, é preciso compreender em primeiro lugar o que é efetivamente a menopausa. A menopausa é o término da menstruação, ou seja, é o “último dia do último período da mulher” que ocorre entre os 45 e os 55 anos. Esta pode ser considerada natural quando a mulher está durante 12 meses em amenorreia (ausência de menstruação), ou de causa patológica, devido a doenças oncológicas ou fisiológica, quando há falência ovárica (ovários perdem a sua funcionalidade) (EMAS, 2022).

Associada a este processo, há a diminuição da produção de estrogénio que origina vários sinais e sintomas como a sintomatologia vasomotora, que engloba os afrontamentos (sensação repentina e incontrolável de calor, geralmente no pescoço e na face, acompanhada de suor e de rubor), calafrios, cansaço, palpitações e taquicardia. Os sintomas neuropsíquicos são considerados as conhecidas alterações de humor, ansiedade, depressão, distúrbios de sono e dificuldades no convívio social. Também é possível que exista disfunção geniturinária, ou seja, diminuição da libido e da lubrificação vaginal, dificuldade de excitação, infeções urinárias de repetição e urgência miccional (SPG, 2021).

O stress térmico resultado das alterações climáticas, mencionado anteriormente, é a mudança de temperatura drástica que causa condições inabitáveis para vários seres vivos, incluindo o ser humano (Health, 2017). Logo, muitas mulheres em menopausa têm vários empregos ao ar livre, como a agricultura, jardinagem, limpeza de exteriores, etc. e tendo já afrontamentos, o stress térmico em altas temperaturas pode contribuir para o aumento da intensidade desse sintoma. Isto é, se o ambiente que nos rodeia está extremamente quente e a mulher já tem o aumento súbito da temperatura corporal acompanhada de suor, estão aqui dois fatores juntos capazes de diminuir a qualidade de vida da mulher.

Alguns hábitos nocivos como os distúrbios do sono, excesso de peso e obesidade, consumo de álcool e tabaco, alimentação baseada em alimentos processados e açúcar, excesso de cafeína, ingestão hídrica (Jafari et al., 2017), (Noll et al., 2022) e exposição solar diminuída potenciam os sintomas associados à menopausa (Jafari et al., 2017).

Assim sendo, apesar de existirem inúmeras formas de terapias de substituição hormonal, e de estratégias não farmacológicas, como o exercício físico, a alimentação saudável, preservação da saúde mental, aromaterapia, entre outras, não podemos deixar de olhar para o Ambiente e para a forma como vivemos diariamente, e tentar encontrar soluções para este grande problema que nos tem assombrado ao longo das últimas décadas (Bachmann & Phillips, 2021).

No próprio local de trabalho existem medidas de higiene e de segurança no trabalho que podem ser implementadas. Cada empregador deve avaliar o risco de perigo a nível da saúde e segurança para minimizar possíveis riscos, e, por isso, bons sistemas de ventilação, possibilidade de ajustar a temperatura em ambiente fechados, incentivar e implementar o uso de fardamento ou de roupa própria para as características específicas de cada emprego e uso de equipamento de proteção de material respirável (não sintético) e confortável, acesso rápido a água, flexibilidade dos momentos de pausa e condições sanitárias adequadas são estratégias possíveis de serem realizadas (Jafari et al., 2017).

Concluindo, as mulheres em menopausa devem ter a possibilidade de ter as condições laborais necessárias que permitam ter qualidade de vida, apesar das alterações ambientais que temos vindo a vivenciar.

 

AUTORAS:

CRUZ, Fátima

Enfermeira do Trabalho e Especialista na área de ESMO na USF Caminhos do Cértoma

 

ALMEIDA, Leonor

Estudante do 4º Ano do Curso de Licenciatura de Enfermagem da Escola Superior de Enfermagem de Coimbra

 

FONTE da imagem: Retirada a 09 de abril de 2024 de “Women in Ag: Why aren´t there more?” em https://zipgrow.com/women-in-ag/

 

 

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

Bachmann, G., & Phillips, N. (2021). Being hot: Climate versus climacteric. Case Reports in Women’s Health, 32. https://doi.org/10.1016/j.crwh.2021.e00343.

E-coordina. (2023). Dia Mundial da Segurança e Saúde no Trabalho 2023. Recuperado em 08 de abril de 2024, de https://www.e-coordina.pt/dia-mundial-seguranca-saude-trabalho-2023/.

EMAS. (2022). Menopause : definitions and terms. Em Menopause Essentials.

Health, V. D. of. (2017). What is Thermal Stress? 1–6. https://dec.vermont.gov/sites/dec/files/documents/wsmd_swms_StressorPlan_Thermal_Stress.pdf.

INE. (2023). Estatísticas Demográficas – 2022 (I. Instituto Nacional de Estatística (ed.); 2023 ed.). www.ine.pt.

Jafari, M., Seifi, B., & Heidari, M. (2017). Risk Assessment: Factors Contributing to Discomfort for Menopausal Women in Workplace. Journal of Menopausal Medicine, 23(2), 1–6. https://doi.org/10.6118/jmm.2017.23.2.85.

Noll, P., Noll, M., Zangirolami-Raimundo, J., Baracat, E., Louzada, M., Soares Júnior, J., & Sorpreso, I. (2022). Life habits of postmenopausal women: Association of menopause symptom intensity and food consumption by degree of food processing. Maturitas, 156(October 2021), 1–11. https://doi.org/10.1016/j.maturitas.2021.10.015.

SPG. (2021). Consenso Nacional sobre Menopausa 2021. Em Sociedade Portuguesa de Ginecologia. https://spginecologia.pt/.

SPG, S. P. de G.-. (2022). Dia Mundial da Menopausa 2022. 18 de Outubro de 2022. Recuperado em 08 de abril de 2024, de https://spginecologia.pt/noticia/22308/.

Trabalho, O. I. do. (2024). Dia Mundial da Segurança e Saúde no Trabalho – 2024. Recuperado em 08 de abril de 2024, de https://www.ilo.org/lisbon/sala-de-imprensa/WCMS_913536/lang–pt/index.htm#banner.