O gosto pelos animais e a paixão pelo voluntariado nos Bombeiros da Mealhada fizeram com que José Marco, Bombeiro de 2.ª, tenha sentido vontade e necessidade de querer para a corporação, onde está há dezasseis anos, uma equipa cinotécnica. A filha, Marisa Silva, também cadete na mesma instituição, já lhe segue as pisadas e, enquanto não pode fazer parte da equipa, ajuda o pai no treino com as duas cadelas, ambas adoptadas.

Becky e Luna são as mais recentes “estrelas” dos Bombeiros Voluntários da Mealhada. Se a primeira já está apta para responder a solicitações de busca e salvamento, a segunda dá as primeiras pisadas para seguir o mesmo caminho.

E o mesmo acontece com José Marco e Marisa Silva. O pai, depois de um mês intenso de formação com Becky, começa a orientar a filha, de dezasseis anos, cadete nos Bombeiros da Mealhada, para que, daqui a dois anos, possa fazer parte da mesma equipa do progenitor.

Ao «Bairrada Informação», José Marco explica como surgiu a vontade de criar uma equipa cinotécnica. “Sempre tive cães e sou bombeiro há dezasseis anos. Para além disso, e olhando para a grande área florestal do nosso concelho, senti necessidade de termos cá este serviço”, explicou, garantindo que teve “total apoio do comando e direção da Associação, bem como de outras equipas cinotécnicas”, nomeadamente, a de São Pedro da Cova, em Gondomar, onde, junto com a Becky, fez cinquenta e seis horas de formação e treino.

Nuno João, comandante dos Bombeiros da Mealhada, elogia a atitude: “São ações bem vindas, com espírito de iniciativa, que devemos sempre salutar e apoiar”. “É mais uma valência operacional, muito específica, de busca e salvamento de pessoas desaparecidas”, acrescenta Nuno João, relembrando que “no distrito de Aveiro só existe a da Mealhada e em Albergaria a Velha e, fora do distrito, as mais próximas são em Pombal e Tondela”. “Isto significa que podemos vir a dar auxílio a muitas corporações nos concelhos vizinhos”, enfatiza.

Becky, com um ano, e Luna, de três meses, foram adoptadas por José Marco: a primeira oriunda de Ancas, no concelho vizinho de Anadia, e a segunda proveniente da Associação “4 Patas & Focinhos”. “Fazem duas refeições por dia: uma de ração e outra de frango cru. Para além disso, treinam, diariamente, à tarde ou à noite”, disse-nos José Marco, explicando o número reduzido de refeições: “Para as buscas não podem estar com a ‘barriga cheia’ e, portanto, são treinadas, desde logo, a cumprir este regime”.

“Há uma cumplicidade grande no binómio entre o cão e o seu guia”, explicou também Nuno João enaltecendo o papel do bombeiro José Marco, que tem a seu cargo as duas cadelas. “A grande parte dos custos são todos do Marco: alimentação, vacinas e seguro. A cargo da Associação só ficam o treino e a formação”, acrescenta o comandante da corporação mealhadense.

Assim, formação feita e aprendizagem adquirida, a Associação Humanitária dos Bombeiros Voluntários da Mealhada tem, oficialmente, desde o passado dia 8 de julho, uma equipa cinotécnica ao serviço da sua área de intervenção, podendo dar apoio nos concelhos limítrofes, no que diz respeito à busca e salvamento de pessoas, em áreas abertas e/ou espaços colapsados.

Curiosidades sobre os cães de busca e salvamento

Os animais que fazem parte de equipas cinotécnicas ajudam em “buscas” durante oito anos, período em que passam a “cães de marcação”. “Os mais novos fazem as buscas e os mais velhos confirmam os locais”, afirmam Nuno João e José Marco, dos Bombeiros da Mealhada.

“Os cães só ‘trabalham’ meia hora, depois têm que descansar cerca de quarenta e cinco minutos. Por isso é que importante que cada equipa tenha mais do que um cão”, acrescentou José Marco, explicando que, para os animais, o trabalho de busca “não passa de uma brincadeira”. “Eles percebem que se encontrarem o que pedimos, no final vão ter direito a alguma coisa, que pode ser comida, uma bola,…”, rematou.

 

Reportagem de Mónica Sofia Lopes