Maria Laurinda Zuzarte comemorou, ontem, 90 anos e as colegas da Universidade Sénior da CADES – Cooperação Artística, Desportiva, Educativa e Social fizeram-lhe uma surpresa, onde não faltou um «grande» piquenique improvisado, com diversas iguarias, flores, um bolo e muitas palmas no cantar de parabéns. Durante a cerimónia, que aconteceu no Centro de Interpretação Ambiental da Mealhada, a aniversariante garantiu, ao nosso jornal, que «as pernas começam a falhar», mas que se no próximo ano letivo estiver «como hoje, voltarei a matricular-me».
Nasceu às 18h00 de um domingo, a 20 de maio de 1934, na Figueira da Foz, mas aos três anos já residia na Pampilhosa, no concelho da Mealhada. «O meu pai era ferroviário, subiu na carreira e foi deslocado para a Pampilhosa e eu e a minha mãe viemos também, estrear uma casa, hoje destruída, na Rua Dr.º Fialho de Almeida. Estudei na antiga Escola Primária Tomaz da Cruz», conta Laurinda Zuzarte que se recorda bem, aos 18 anos, do momento em que seu pai comprou uma casa na mesma rua, mais tarde restaurada pelo esposo da aniversariante.
«O meu marido era de Coimbra e conheci-o num baile da Pampilhosa. Foi paixão à primeira vista», confessa-nos, lamentando a perda de dois filhos durante a gravidez e congratulando-se pelo nascimento das duas filhas, ambas a trabalharem na cidade da Figueira da Foz.
Casada durante 43 anos, o marido faleceu há 22, altura em que Laurinda Zuzarte passou a viver sozinha. «Há sete, oito anos, a Universidade Sénior da CADES abriu um polo na Pampilhosa e inscrevi-me nas disciplinas de Informática, Inglês e História, que sempre foi uma paixão que tive. No ano seguinte convidaram-me para ser formadora de costura, porque a minha profissão sempre foi modista e posso gabar-me de ter tido clientes em vários pontos da região: Aveiro, Coimbra e até em Lisboa. É uma profissão que nunca se deixa e ainda hoje faço muitas coisas para as minhas filhas. Neste momento, estou a fazer dois vestidos, com cauda e sem alças, para um baile de finalistas de duas gémeas», descreveu-nos.
Este ano letivo frequenta as disciplinas de ginástica, vitalmente, ioga e Educação Ambiental, com aulas na Mealhada e na vila de Luso. «Não tenho a carta de condução e, por isso, dependo de uma amiga para vir às aulas, mas vimos sempre muito felizes para aqui. Não me imagino sem esta atividade, uma vez que tenho aulas às segundas e terças-feiras de manhã, quartas todo o dia e à quinta ainda tenho uma atividade física da Câmara, que se realiza nos Bombeiros da Pampilhosa», explica, defendendo que a Universidade «é muito importante para a cabeça. Faz-nos sentir gente. Aqui não há uma zanga entre nós e a prova está aqui, nesta surpresa que me fizeram».
Sobre a surpresa, a aniversariante confessou ter ficado «pasmada, mas muito feliz». «Só peço a Deus que me conserve a Áurea, que conduz, para podermos vir para aqui por mais um tempo. Se no próximo ano letivo estiver, como estou neste momento, este percurso é para continuar», afiança.
Apesar de toda esta atividade, Laurina Zuzarte sublinha que, em casa, é capaz de desligar a televisão e ler um livro. «Vou sempre fazendo coisas. Ontem fiz almoço para as minhas filhas. Caldo verde, favas abafadas e torta de laranja», referiu, adiantando que «só tem uma senhora de quinze em quinze dias a fazer aquela limpeza mais profunda que as minhas pernas já não deixam. Todo o resto sou eu».
«É o símbolo de força e resiliência que muito admiramos na nossa Universidade», destacou Patricia Figueiredo, uma das coordenadoras da CADES.
Mónica Sofia Lopes