A Immunethep, sedeada no Biocant Park, em Cantanhede, está a desenvolver uma vacina para a Covid-19 composta pelo vírus inativado e destinada a potenciar a imunidade pulmonar. Na última reunião do executivo da autarquia cantanhedense estiveram o CEO e o diretor científico da empresa, respetivamente Bruno Santos e Pedro Madureira, que apresentaram os contornos deste projeto específico no âmbito da atividade da biotecnológica, uma atividade focada, desde 2015, no desenvolvimento de imunoterapias que visam restaurar a capacidade do sistema imunológico dos hospedeiros de infeções, sem contribuir para a resistência antimicrobiana, como acontece com os antibióticos atuais.

A apresentação decorreu na sequência de uma visita do ministro da Ciência, Tecnologia e Ensino Superior, Manuel Heitor, aos laboratórios da Immunethep e de outras empresas do Biocant Park, em 10 de novembro. Ao apostar na criação de uma vacina para a Covid-19, a Immunethep está a tirar partido da vasta experiência e conhecimento adquirido no desenvolvimento de imunoterapias, estando já em curso os primeiros ensaios com animais.

“Trata-se de uma vacina para ser ministrada por inalação e que tem dupla ação”, refere Pedro Madureira, adiantando que, “além do objetivo de induzir a produção de anticorpos neutralizantes anti-SARS-CoV-2 específicos, visa aumentar também a capacidade humana para combater infeções virais”. O diretor científico do projeto explica que “cerca de 50% dos casos fatais associados ao novo coronavírus são devidos a infeções oportunistas causadas por bactérias multirresistentes, pelo que, considerando que a vacinação desses pacientes não produziria uma resposta eficaz em tempo útil, estamos a desenvolver um anticorpo monoclonal para tratar também essas infeções bacterianas oportunistas”.

Segundo aquele responsável, “a vacina vai permitir a prevenção e evitar a transmissão de pessoa para pessoa e, por outro lado, os anticorpos monoclonais vão melhorar os sintomas das pessoas infetadas, no que, acreditamos, será uma via para reduzir significativamente o número de casos fatais entre os pacientes de Covid-19”.

Para Bruno Santos, CEO da Immunethep, “o desenvolvimento da vacina para a SARS-COV-2 é uma oportunidade para a empresa colocar as suas competências ao serviço da comunidade. A situação económica em que Portugal se encontra e o facto de não sermos um país prioritário na distribuição das vacinas em desenvolvimento pelo mundo reforça a importância com que vemos o desenvolvimento de uma solução nacional que permita vacinar e proteger os portugueses o quanto antes”, sublinha.

Afirmando que “esta é também a oportunidade de adicionarmos mais um produto ao portefólio da empresa”, Bruno Santos refere que “está a ser negociada com parceiros internacionais a possibilidade de a produção poder ser realizada em Portugal”.

Perante estes dados, a presidente da Câmara Municipal de Cantanhede congratula-se por “este processo que coloca Cantanhede no mapa das unidades de investigação científica que estão mobilizados no combate à pandemia”. Helena Teodósio considera que, “além daquilo que o projeto poderá vir a representar ao nível da saúde pública, e mais especificamente no combate à calamidade que tem assolado o mundo – que é agora o que verdadeiramente mais importa! – é particularmente gratificante ver uma empresa do meu concelho a demonstrar que está capacitada para enfrentar tão grande desafio, ombreando com reputadíssimas entidades e organizações internacionais num campo de I&D com enormes exigências de conhecimento e saber”.    

A autarca dá conta do seu “mais vivo apreço pelo valor do know-how que a empresa soube desenvolver, o que, sendo um exemplo de prestígio que gostaria de ver replicado muitas vezes, tende a confirmar a assertividade da decisão que o Município de Cantanhede tomou ao avançar com o investimento na criação do Biocant Park”.

 

 

Fonte: Município de Cantanhede