Trabalhadores da Mahle, na Zona Industrial da Pedrulha, na zona de Murtede, no concelho de Cantanhede, manifestam se a porta da empresa

Publicado por Bairrada Informação em Quarta-feira, 10 de julho de 2019

Os trabalhadores da empresa de componentes de motores Mahle, em Murtede, no concelho de Cantanhede, cumprira, no passado dia 10 de julho, reivindicando o pagamento do subsídio de turno que garantem “nunca ter sido pago nos últimos vinte e cinco anos”. “É a primeira vez que estamos a manifestar-nos publicamente”, explicaram Ricardo Santos e Paulo Relva, da comissão de trabalhadores da Mahle e representante da mesma no comité europeu de empresas, respetivamente. Ao nosso jornal, Filipe Gomes, administrador da empresa, declara que “a Mahle cumpre integralmente a lei”, confirmando “a existência de uma divergência, que segue os trâmites normais para ser colmatada”.

Segundo os trabalhadores, com quem o «Bairrada Informação» falou, a empresa paga subsídio noturno, o que significa que quem trabalha das 6h às 14 horas ganha quatro por cento de subsídio, das 14h às 22 horas recebe dez por cento e das 22h às 6 horas, vinte e oito por cento. “Com o pagamento do subsídio de turno todos receberiam por igual, os vinte e cinco previstos na lei”, explicou Paulo Relva, garantindo que quem trabalha, neste momento, no turno da manhã “perde duzentos e cinquenta euros por mês”.

A empresa alemã, instalada, na Zona Industrial da Pedrulha, tem mais de seiscentos trabalhadores no total, estando abrangidos em horários considerados de turno / noturno cerca de quatro centenas. “No total, e com os retroativos, a multinacional teria que nos pagar cerca de doze milhões de euros”, adianta o representante da Mahle no comité europeu de empresas, adiantando que sempre estiveram disponíveis “para uma negociação”.

“Dos recursos humanos foi nos dito que não tínhamos direito a nada e a juíza, depois do processo dar entrada no Tribunal em janeiro deste ano, tentou que as partes se entendessem”, continuou, explicando que da parte da empresa foi sugerido “o término do processo em troca de mil euros a cada trabalhador”, uma vez que a administração alega que “só teria de pagar subsídio de turno se este fosse alterado semanalmente”. Na Mahle, e segundo os trabalhadores, os turnos são feitos mensalmente.

“Os nossos bens advém daqui, mas não podemos abdicar dos nossos direitos”, continuou Paulo Relva, acrescentando que “a Mahle já foi multada pela ACT (Autoridade para as Condições do Trabalho), apesar de ter recorrido, e tem dois processos individuais do Sindicato por incumprimento da norma e um em Tribunal por parte dos trabalhadores”.

Ontem, a adesão à greve rondou os oitenta e cinco a noventa por cento, não tendo sido garantidos os serviços mínimos. “Temos aqui colegas que, apesar de fazerem o horário normal, estão connosco por solidariedade”, declarou, ao nosso jornal, Ricardo Santos. “A adesão e a forma como ordeiramente tudo foi feito deixa-nos de coração cheio para lutar por esta causa”, enfatizou.

Com cento e sessenta empresas espalhadas por todo o mundo, em Portugal a Mahle só está representada na fábrica de Murtede. “Sem juros de mora e de todo o resto, a empresa teria que pagar de retroativos a um funcionário que já cá trabalhe há vinte e cinco anos cerca de cinquenta mil euros”, explicou Paulo Relva, garantindo que na tentativa de negociação os trabalhadores “abriram mão de cinquenta por cento do valor que cada um tivesse direito”.

“Estamos a falar de uma fábrica com centenas de postos de trabalhos diretos e milhares indiretos entre fornecedores e outras entidades. Em vinte e cinco anos, esta delegação nunca teve prejuízo, tendo tido um lucro de dezassete milhões de euros no ano passado”, afiançou Ricardo Santos, referindo que se trata de “um retorno positivo a rondar os dezasseis por cento”.

Os trabalhadores da Mahle, no concelho de Cantanhede, estão a tentar estar também presentes, através de um representante, na mega manifestação do grupo, que se realizará em Berlim a 25 de julho e juntará empresas de todo o mundo.

 

Mónica Sofia Lopes