«Os projetos vencedores são os que trabalham em rede. Este, em concreto, junta a história, o património, o conhecimento e a promoção turística», referiu, na tarde de ontem, no Bussaco, Nuno Fazenda, secretário de Estado do Turismo, aquando do encerramento do projeto «Itinerários Napoleónicos», liderado pela Comunidade Intermunicipal da Região de Coimbra e cofinanciado pela Linha de Apoio à Valorização Turística do Interior. Na ocasião, o presidente da Câmara da Mealhada, António Jorge Franco, defendeu a necessidade de investimento no património ligado ao turismo militar na região, nomeadamente no Bussaco e nos concelhos da Mealhada, de Mortágua e de Penacova.
«Estes foram os melhores dez meses de turismo em Portugal, crescemos em todos os indicadores e queremos continuar a crescer, a crescer e bem. Foi, neste âmbito, que criamos a Agenda do Turismo do Interior», começou por dizer Nuno Fazenda, que, sobre o projeto das invasões francesas, parabenizou «o trabalho de articulação entre todas as entidades». «O que vi nesta apresentação é um projeto de grande compromisso que junta a história e o património com o conhecimento, pois envolve investigação, para além da promoção turística que trouxe e traz. Estamos a proporcionar um regresso ao passado», enfatizou.
António Jorge Franco recordou ser a história a registar o momento, «passados 213 anos da Batalha que havia de marcar os nossos territórios e o nosso país». Aproveitando a oportunidade, o autarca alertou «para a necessidade de se recuperar todo o património militar existente nesta região, na Mata do Bussaco e nos concelhos da Mealhada, Mortágua e Penacova». «É crucial valorizarmos estes marcos que se espalham por este território e incluir a recuperação do Museu Militar do Bussaco, colocando-o ao serviço do turista. O Exército Português tem interesse e flexibilidade para esta intervenção, falta-nos o apoio financeiro», referiu, colocando ainda a tónica «na Via Sacra única de Jerusalém, existente no Bussaco, que também precisa de intervenção».
Declaração que levou o secretário de Estado a informar que «já estão abertas novas linhas de apoio». «Os instrumentos estão aí, que venham os bons projetos», enalteceu.
Para Raúl Almeida, presidente da Turismo Centro de Portugal, o turismo militar «contribui para a quebra da sazonalidade, uma vez que tem pessoas interessadas o ano todo». Por outro lado, congratula o facto de «grande parte deste turismo se encontrar no interior», bem como a sua complementaridade «pois quem visita esta área, vem também provar a nossa gastronomia e os vinhos e fazer os nossos percursos pedestres».
O projeto entrou na fase final, com a apresentação das experiências de Realidade Aumentada e Realidade Virtual desenvolvidas nos últimos dois anos e que vão estar disponíveis nos principais pontos de interesse e locais de visitação dos diferentes municípios. «Produzimos 72 personagens, 250 objetos em 3D, mais de 50 cenários e 60 páginas de diálogos. É o mesmo que produzirmos um filme 3D de 50 minutos. Tudo foi feito de raiz e preparado para ser animado», referiu Hélder Rocha, da Unloop Creative Agency, acrescentando que «a realidade aumentada em treze municípios representou uma série de desafios», mas que no final «esta equipa fez um produto com muita qualidade».
O projeto criou uma rede de trabalho entre os municípios e entidades dos territórios abrangidos pela candidatura «Rede Temática das Invasões Francesas em Portugal», nomeadamente os municípios de Almeida, Bombarral, Elvas, Lourinhã, Mealhada, Mortágua, Penacova e a Associação para o Desenvolvimento Turístico e Patrimonial das Linhas de Torres.
Mónica Sofia Lopes