O direito de exploração da antiga Destilaria do Instituto da Vinha e do Vinho, alvo de um concurso público, foi entregue à Fundação Mata do Bussaco, por um prazo de cinco anos e pelo valor mensal de 500 euros (acrescido de IVA). O relatório final, analisado na última reunião do executivo, foi aprovado com os votos contra dos três vereadores da oposição, tendo o presidente da Autarquia recorrido ao voto de qualidade, devido à ausência de Guilherme Duarte neste ponto da discussão.

Para Hugo Silva, da coligação «Juntos pelo Concelho da Mealhada», «há um claro conflito de interesse que deixa mácula em todo o processo». «Não nos choca esta entrega à Fundação, mas, numa altura em que o vice-presidente da Câmara lidera a Fundação, o concurso parece pouco claro. Temos dificuldade em aceitar a situação tal e qual como ela está a ser apresentada», referiu o vereador, acrescentando: «Estamos a fazer uma leitura crítica. No contexto atual, com partilha de funções políticas, parece-nos estranho e é desconfortável para nós».

Uma declaração que Rui Marqueiro, presidente da Câmara da Mealhada, considerou «do ponto de vista político», uma vez que «legalmente está tudo bem, não há aqui nada que viole a lei». «A análise das propostas foi feita pelo júri e o senhor vice-presidente não teve nada a ver com esta proposta», referiu o edil, sobre um ponto em que Guilherme Duarte, vice-presidente na Autarquia, pediu para se ausentar da discussão. «Não me repugna nada que esta entrega seja feita à fundação», enfatizou o autarca, afirmando não ter medo da «vox populi»: «Se tivesse algum problema com isso, não estava na política».

 

Marqueiro quer «ir mais longe» no complemento municipal ao Programa APOIAR

Na mesma reunião, e referente ao complemento municipal do Programa APOIAR, foi também aprovado o quinto lote que dará apoio a mais duas empresas do concelho da Mealhada. Sobre isto, Rui Marqueiro referiu alguns casos que o programa municipal não abrange e que poderá levar a uma reformulação da medida.

«Provavelmente podemos ir mais longe. Sempre disse que íamos tão longe quanto nos fosse possível», referiu o autarca, exemplificando: «Há um restaurante no Luso, que o seu proprietário tinha alugado em 2019, mas em 2020 retomou o negócio, e agora não tem forma de provar a perda de faturação face ao ano anterior. Está sem qualquer apoio. Noutro caso, também a de um restaurante, no período de comparação com 2019, a empresa esteve em obras». «Não sei se é preferível ver caso a caso, se é melhor ser genérico, mas, pelo princípio da justiça, teremos de tomar outra deliberação», rematou o autarca.

 

Mónica Sofia Lopes