Em menos de um mês, o Centro Educativo da Pampilhosa, no concelho da Mealhada, registou dois casos de alegado abuso e agressão que estão a ser alvo de inquérito. Se no primeiro há indício de que uma criança tenha sido ameaçada por parte de colegas, no outro tudo aponta para que um aluno tenha agredido uma funcionária, que em resposta terá feito o mesmo.
A primeira situação, e segundo o «Bairrada Informação» conseguiu apurar, terá ocorrido há cerca de quinze dias, visando uma criança da Educação Especial que, num dos intervalos do dia, terá sido ameaçado, “com um pau”, por colegas que utilizaram termos de cariz sexual. Uma situação que foi presenciada por uma assistente operacional que, no imediato, identificou as crianças, estando o processo a ser conduzido internamente.
O segundo caso ocorreu na passada quarta-feira quando um aluno, dez minutos depois do intervalo da manhã ter acabado, se recusou a levantar do chão do corredor, tendo “obrigado” a funcionária a puxá-lo pelos braços. Descontente com a atitude, a criança terá pontapeado a funcionária que, perante a situação, lhe terá dado um estalo.
Neste último foram apresentadas duas queixas no Posto da Mealhada da Guarda Nacional Republicana, “uma por parte da encarregada de educação contra a funcionária e outra da funcionária contra a encarregada de educação”, garantiu, ao nosso jornal, o capitão Cláudio Lopes, comandante do Destacamento Territorial de Anadia da GNR.
O assunto foi, na manhã de ontem, desencadeado por Hugo Silva, vereador da coligação “Juntos pelo Concelho da Mealhada”, que garantiu que o que lhe foi transmitido, “é que paira um sentimento de insegurança no local e que se nota haver uma descoordenação entre a coordenadora do Centro e o diretor do Agrupamento”. “A Câmara devia pronunciar-se até porque está ligada à educação através da municipalização”, defendeu.
Uma declaração que levou Guilherme Duarte, vice-presidente da autarquia, a explicar que “de acordo com rácio estabelecido pelo Ministério da Educação – neste caso de sete funcionários -, o Centro Educativo da Pampilhosa tem a mais, uma vez que estão lá nove”. “Não será com certeza por falta de ‘vigilância’ municipal que essas situações aconteceram”, continuou, afirmando que “nunca, nenhum vereador, ‘invadiu’ o setor pedagógico das escolas” e enumerando as competências da Câmara, a quem cabe a contratação de assistentes, a limpeza, refeições, equipamento e respetiva manutenção. “No fundo damos condições à escola para que a parte pedagógica consiga funcionar em pleno!”, disse.
O vice-presidente da autarquia garantiu ainda que “semanalmente, técnicos municipais vão a todas as escolas saber as necessidades de cada uma” e lamentou que, cada vez mais, os edifícios sejam alvo de vandalismo. “Até os tubos dos urinóis chegam arrancar”, disse o autarca, enfatizando que “isto não acontece por falta de acompanhamento, porque para além de excedermos o número de assistentes, ainda lá estão doze professores ao serviço”.
Rui Marqueiro, presidente da autarquia, afirmou que “oficialmente não lhe chegou nenhuma participação”, manifestando-se, contudo, “preocupado”, tendo acabado por sugerir que seja feita uma reunião na autarquia “na presença do diretor do Agrupamento e, eventualmente, os coordenadores”. “Temos que entender de que forma podemos melhorar este serviço público!”, declarou.
Nuno Canilho, garantiu que “no primeiro caso, o assunto está a ser tratado por várias entidades”. “O ambiente está condicionado, as pessoas nervosas e os pais muito críticos. Não vamos deixar que o assunto adormeça, mas não vamos interferir para não condicionar!”, alertou.
Já Arminda Martins, também vereadora, referiu “ir muitas vezes às escolas (ao serviço do pelouro das Obras) e ficar estupefacta com a forma como os alunos se comportam entre eles e, principalmente, com os funcionários”.
Diretor do Agrupamento apela “à serenidade”
Contactado pelo «Bairrada Informação», Fernando Trindade, diretor do Agrupamento de Escolas da Mealhada, referiu que “o procedimento tem que seguir com a necessária serenidade desejada”.
“Quando se juntam pessoas, podem acontecer coisas e quando acontecem coisas que não são boas, há as devidas entidades para as analisar”, afirmou, lamentando que o assunto tenha sido levado a uma reunião de Câmara. “Quem não faz parte destas ‘coisas’, não deveria sequer tocar nelas!”, disse.
Texto de Mónica Sofia Lopes
Fotografia: Facebook “Centro Escolar de Pampilhosa”