O pedido de emissão de Declaração de Interesse Municipal para a concordância entre a Linha da Beira Alta e a Linha do Norte foi aprovado, por maioria, pelo executivo da Câmara da Mealhada, com os votos contra das duas vereadoras eleitas pela coligação «Juntos pelo Concelho da Mealhada». Hugo Silva não esteve na discussão do ponto, «por eventual conflito de interesse familiar», uma posição que o Município comenta: «Há incompatibilidade para a discussão, mas não há para fazer conferências de imprensa e notas de imprensa sobre o assunto».

O tema foi levado a reunião de Câmara, no passado dia 27 de julho, mas adiada a sua discussão a pedido dos vereadores da oposição que alegaram estarem «a preparar um caderno reivindicativo» que queriam ver discutido pelo executivo. Rui Marqueiro, presidente da Autarquia, concordou com o pedido e o ponto voltou a ser agendado para a reunião de 3 de agosto. Nessa altura, já a coligação tinha divulgado publicamente as propostas em conferência de imprensa.

Propostas que Rui Marqueiro entende que, na sua maioria, não são alvo de qualquer negociação com a Infraestruturas de Portugal. Para o autarca, «a remodelação e modernização garantida e calendarizada da Estação da Pampilhosa, simultaneamente, com a remodelação da via» – algo que diz «estar já negociado com a IP» -; «a consignação de espaços devolutos das Estações concelhias a entidades associativas concelhias, mas sob tutela do Município»; «a requalificação da Estação do Luso e consignação graciosa para fins comunitários, mas sob tutela do Município»; e «a abertura do espaço do antigo restaurante da Estação da Pampilhosa como espaço aberto à comunidade» são premissas favoráveis de «serem apresentadas à IP», até porque «está tudo feito, é só ser cedido». «Todas as outras não fazem sentido», refuta o presidente da Câmara da Mealhada, exemplificando que quando a coligação escreve «“construção de um novo Pontão Rodoviário Central que ligue a Pampilhosa ao Canedo” deveria saber que esta é uma competência municipal e não da IP».

Também o vereador Nuno Canilho declarou não ser contra «grande parte das propostas, mas contra o caderno reivindicativo que tem que ser apresentado a uma entidade que nem as pode resolver». Rui Marqueiro enfatizou que o que está em cima da mesa «é o interesse nacional» e que nem se sentiria bem, «se não votasse favoravelmente a declaração de interesse municipal».

Sónia Branquinho, da coligação «Juntos pelo Concelho da Mealhada», concordou ser este «um projeto de interesse nacional com muitos benefícios para o país», defendendo, contudo, o adiamento do ponto «no sentido de o presidente da Câmara encetar negociações» perante as propostas apresentadas.

Hugo Silva, que não participou na discussão por um dos terrenos a expropriar ser da titularidade de um familiar próximo, remeteu mais tarde, para os jornais, a sua posição, onde escreve que «a Coligação recusou votar a Declaração de Interesse Municipal por entender que uma negociação justa e frontal não poderia começar pelo fim». «Partir para uma negociação tendo dado tudo ao Governo é um erro que vamos pagar caro, estamos a submeter o território ao interesse nacional sem obter nenhuma garantia», diz.

Em resposta, o Município da Mealhada, na sua página oficial de Facebook, escreveu: «De quantos adiamentos precisa o PSD para uma situação urgente? Será que precisa, apenas, do tempo suficiente para que os presidentes das câmaras municipais de Aveiro, de Viseu e da Guarda convençam a IP de que o melhor é, mesmo, acabar com a Linha da Beira Alta e fazer a ligação que pretendem e preferem por Aveiro – Viseu – Guarda?».

 

Mónica Sofia Lopes