Ao fim de mais de 24 horas do início das buscas, o corpo do motorista desaparecido na zona do Carqueijo, no concelho da Mealhada, foi resgatado, sem vida, de um poço situado a 30 metros do IC2. No teatro das operações foram várias as hipóteses tidas em conta, mas tudo indica que o homem ter-se-á desequilibrado enquanto apanhava limões, uma prática usual sempre que passava naquele local.

«Numa das minhas voltas no terreno, na tarde de ontem, ouvi a filha do senhor dizer a alguém que o pai costumava parar na Mealhada para apanhar limões. Aquilo nunca mais me saiu da cabeça…», declarou, ao «Bairrada Informação», Fernando Abrantes, comandante dos Bombeiros Voluntários da Pampilhosa, numa altura em que o capitão Cláudio Lopes, comandante do Destacamento Territorial de Anadia da GNR, já tinha dado ordem para o vazamento dos poços daquela zona.

«Quando ouvi a filha falar lembrei-me que, no dia anterior, tinha andado junto de um poço na proximidade de um limoeiro», continuou Fernando Abrantes, explicando que, com o auxílio de uma espécie de anzol, foi ao poço e retirou «logo um casaco». Seguiu-se um sapato e depois o corpo. Eram cerca das 16h30 de ontem, sexta-feira. «O diâmetro do poço era pequeno, cerca de um metro e pouco, mas era profundo, talvez uns três, quatro metros de água», acrescentou o comandante dos Bombeiros da Pampilhosa, corporação que esteve no local com cerca de uma dezena de operacionais.

O poço situava-se num terreno privado, mas o nosso jornal não conseguiu apurar o seu estado e se cumpria as devidas condições de precaução.

No local, para além de dezenas de militares do Destacamento Territorial de Anadia da GNR, o dia de ontem, de continuidade das buscas iniciadas à hora de almoço na quinta-feira, contou com a presença de cinco inspetores da Polícia Judiciária e de familiares e amigos da vítima, que palmilharam todo o local.

Recordamos que a viatura pesada, carregada de papel, estacionou na berma do IC2 no Carqueijo, concelho da Mealhada, no sentido Norte-Sul, perto dos semáforos de Santa Luzia cerca das 5 horas na madrugada de 28 de maio. O camião estava com as luzes e os piscas ligados, bem como a chave na ignição, quando foi encontrado.

Terá sido a família, depois de inúmeros telefonemas sem resposta, a dar o alerta para a empresa e esta a pedir ajuda ao Posto na Mealhada da GNR, depois de ter conhecimento de que a mercadoria não tinha chegado à Marinha Grande como era o previsto.

O filho do «senhor Costa», de 61 anos – assim era conhecida a vítima mortal em Santa Maria das Lamas, uma localidade do concelho de Santa Maria da Feira -, esteve ontem a participar nas buscas, tendo, ao nosso jornal, através do telefone, garantido ser habitual o pai sair cedo de casa. «Normalmente faz duas entregas por dia, uma de manhã e outra à tarde», referiu, afirmando, nessa altura, considerar o desaparecimento «muito estranho».

Quinze minutos depois de falarmos com Daniel Pinto, o corpo do progenitor era encontrado, sem vida, num poço a poucos metros da estrada principal.

 

Texto de Mónica Sofia Lopes

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