Em 2018 ocorreram sessenta participações, por violência doméstica, no concelho de Anadia. O número foi avançado aquando do plenário da Rede Social de Anadia, que se realizou na tarde da passada quinta-feira, dia 28 de março.

O número foi divulgado pelo Cabo Chefe Vítor Marques, da Secção de Prevenção Criminal e Policiamento Comunitário do Destacamento Territorial de Anadia da Guarda nacional Republicana, que acrescentou que das sessenta participações, “quarenta e três foram no Posto de Anadia e dezassete no Posto de Sangalhos”.

O tema foi um pouco mais escrutinado pela enfermeira Silvana Marques, da Unidade de Cuidados na Comunidade de Anadia, que apresentou “O retrato da Violência Doméstica no concelho de Anadia – 2018”, começando por falar do projeto “Voz em Rede” existente, no município anadiense, desde 2013.

“Envolvemos em rede todas as instituições, dando a garantia que Anadia tem estado atenta à problemática”, explicou, acrescentando que é feito “um acompanhamento às vítimas, mas também aos agressores (alguns com pulseira eletrónica)”, até porque, defende, “não acompanhá-los faz com que deixem de ser agressores numa família e passem para outra”.

O número superior a uma dezena de mortes vítimas de violência doméstica, a nível nacional e já em 2019, preocupa Silvana Marques, que enfatiza que tem que haver uma mudança de abordagem no público, tendo este projeto de Anadia dado um passo maior perante os mais jovens do Agrupamento de Escolas. “De 2015 a 2018, tivemos 1.827 alunos envolvidos no projeto”, referiu, acrescentando que existem casos de violência no namoro, mas também entre amigos. “Há um controlo excessivo entre os ‘melhores amigos’. O uso excessivo da internet faz com que não se consigam aperceber dos limites e achem normal a melhor amiga mexer nas suas contas nas redes sociais”.

Com um pico de casos a ter acontecido em 2016, no caso concreto de Anadia, Silvana Marques afirma, contudo, que “o valor à vida se está a perder e que o ataque às vítimas é muito mais agressivo hoje do que o era no passado”. “É um problema que atinge todas as faixas etárias e todas as classes sociais”, afiança, lamentando que “ainda sejam poucas as respostas às vítimas, uma vez que são estas que têm que sair de casa e procurar apoios”.

A apresentação desta temática terminou com a visualização de um video de sensibilização – “Eu Sei” – realizado por jovens do Agrupamento de Escolas de Anadia, no âmbito da disciplina de Sociologia.

 

Mónica Sofia Lopes