A acupunctura é a técnica mais conhecida da Medicina Tradicional Chinesa (MTC), pelo que tem suscitado muitas questões, principalmente porque ser aplicada em pontos do corpo que são locais não visualizáveis fisicamente (pelo menos não a olho nu).

Segundo a teoria da MTC, existem centenas de pontos de acupunctura distribuídos pelo corpo humano, sendo a grande maioria deles localizados sobre meridianos (trajectos energéticos que também não são observáveis a olho nu), que podemos tentar definir como “vasos” por onde circula a energia. Na sua explicação tradicional, a função destes pontos, ainda que no mesmo meridiano, é distinta entre si, e depende do estímulo que lhe é aplicado, funcionando como “portas” de entrada/saída de energia.

Mas, como estamos no ocidente e nem tudo é fácil de entender segundo a filosofia oriental, há que pesquisar e tentar entender mais sobre estes pontos.

Fisiologicamente, os pontos de acupunctura são locais singulares que se distinguem da restante superfície corporal pelas suas características anatómicas e fisiológicas, que actuam como dispositivos de entrada e saída de sinais, comportando-se como zona de convergência de estruturas dérmicas, nervosas, músculo-esqueléticas, tecido conjuntivo não diferenciado e vasos sanguíneos.

Estes pontos, cientificamente falando, baseando-nos em dados mensuráveis, são locais de alta condutibilidade eléctrica e baixa impedância; de alta densidade de gap junctions (complexos proteicos que facilitam a comunicação intercelular e incrementam a condutibilidade eléctrica); com maior concentração de receptores polimodais; de maior concentração de mastócitos e células germinativas; onde há maior temperatura, actividade metabólica e libertação de CO2; maior emissão de biofotões; e melhor propagação de ondas acústicas.

Estes pontos são sensíveis a vários tipos de estímulo: acupunctura com ou sem estímulo eléctrico, pressão, temperatura, laser, vácuo, etc. A manipulação da agulha na acupunctura produz uma reacção de adesão local dos tecidos envolventes à agulha (needle grasp), sendo que este fenómeno não parece dever-se à contracção muscular, mas antes a um acoplamento biomecânico agulha-tecido conectivo.

O efeito DeQi (obtenção de Qi – energia) deverá ser a percepção deste fenómeno sentida pelo paciente, indicando a chegada do sinal aos centros superiores do sistema nervoso central.

Os mecanismos da Acupuntura explicados à luz da Medicina Chinesa requerem um entendimento das suas bases que não é comum no ocidente, e por isso se torna mais dificil de transimitir neste contexto. Esta maior ou menor facilidade na explicação dos conceitos não é mais do que uma questão cultural, no ocidente estamos habituados a entender o que é mensurável e objectivo enquanto que no país de origem desta Medicina é fácil perceber que nem tudo o que existe se vê, e a energia é exemplo disso!

Paula Gradim – Especialista de Medicina Chinesa

Bibliografia:

“A Acupunctura na Medicina” – António Almeida Ferreira