“Somos todos cúmplices! Idiotas, cínicos e cobardes”.

Todos sabemos que acontece ao nosso lado, todos sabemos que deveríamos fazer algo, e alguns fazem, mas de uma forma ou de outra todos pactuamos mais, ou menos, e normalmente… mais!

Campanhas de mediáticas e mais campanhas, formação académica, cursos e mais cursos… e nada!

Somos incompreensivelmente violentos e parvos!

Lutamos por um “ninho” de amor e conforto e, é bom que assim continue pois a vida já é dura quanto baste, mas de forma desumana, destruímos numa época o que recebemos de uma vida.

“E se fosse comigo?”

Logo se ouvem os clichés; “se fosse eu”: fazia e acontecia e… segurem-me que NÃO FAÇO NADA !

– VIOLÊNCIA DOMÉSTICA é aquela guerra entre portas, aquela destruição humana por mão humana, aquela que mata e destrói e vem daqueles em quem investimos tudo.

Falo de corações partidos e de corpos massacrados. Falo de desculpas sociais, falo das (des)igualdades com que pactuamos. Não falo de um levantar de voz, não falo de uma zanga, não falo de “atrofio” não falo de um amuo, não falo de “mimo”, nem sequer falo de uma parvoeira desesperada e pontual sem com isso desculpar seja o que for e de quem vier!

 

Falo da usurpação de direitos fundamentais, falo da hipocrisia e de EDUCAÇÃO académica, cívica, religiosa, senhores e senhoras.

Falo de quem usufrui de coisas para que todos contribuem (claro, uns mais que outros) como escolas, hospitais, jardins, subsídios, etc. e depois alguns julgaram-se acima dos outros e pensarem e agirem como se o mundo lhe pertencesse e, vai daí e toca a malhar física e psicologicamente!

Bestas! Não tenho outro nome.

Já todos discutimos, os latinos discutem muito, está-nos no sangue!

Já todos insultámos e fomos insultados e nem sempre foi fácil ultrapassar.

Já todos tivemos vontade de dar um valente estalo e, já todos o merecemos um dia.

 

Mas é a outra dimensão que me refiro.

É de um flagelo que parece continuar nas novas gerações e até de forma mais grave. Muito TRISTE!

Sei que é fácil dizermos todos em uníssono “não há direito” e depois ir à nossa vidinha!

Sei que não está ao alcance de todos fazer muita coisa, mas alguma coisita que esteja, estará.

Sei da complexidade do tema.

Sei que há situações interpretadas fora do contexto e… sei que parece que NINGUÉM SABE DE NADA.

 

Para todos aqueles e aquelas que pensam que o problema está na colher que ninguém deve meter, enganem-se! Está no berço! Está na escola, está na educação, está no pactuar e assobiar para o lado ao abrigo do “opá, eles até são meus amigos”. Se acham que não podem fazer nada, ao menos não apoiem com ensurdecedores silêncios, não convivam como se não soubessem, não inventem desculpas estúpidas como quando pensam “que estava a pedi-las”. Isso é ESTÚPIDO!

 

Façamos uso das instituições (que algumas funcionam), de profissionais mais capazes de nos compreender, pensemos em modelos e paradigmas de vida alternativos sem pôr tudo a perder, porque existe VIDA para além do amor cego, existe vida para além da maternidade ou paternidade15416044_1181491688608708_1483077360_n por tédio, existe vida por direito!

Compreendo (e quem sou eu) o medo, a incerteza do futuro, o trauma do passado, os filhos, a sociedade, essa que desampara em vez de amparar, a vergonha, o dinheiro, o sofrimento, todos temos de compreender e, por isso talvez o melhor seja aceitar que, se existe, passa-se e se passa é real e o real contorna-se com realidades e não com virtualidades, mas que até estas possam servir para desmascarar.

 

Estamos, enquanto seres humanos mais formados, mais experientes, mais eficientes, mais ecológicos mais amigos dos animais e, não conseguimos passar da pré-história?

Agredimos a quem um dia pedimos um beijo, a quem nos declarou amor, a quem nos fez um chá, a que se nos deu por inteiro, aquém tirou fotos ao nosso lado, a quem nos cuidou, a quem nos ouviu, a quem nos defendeu mesmo que sem termos tido razão? E mesmo que assim não fosse? Alguém é soberano para passar para lá do direito?

Alguém pode pensar em ser “Juiz em causa própria” agredindo reiteradamente o seu semelhante?

Pode, se for uma …

 

ADÉRITO DUARTE