Paulo Almeida reside na vila da Pampilhosa, no concelho da Mealhada, e tem desde miúdo uma paixão pelos Bombeiros, projeto que abraçou enquanto voluntário. O amor à causa trouxe-lhe um outro gosto, ligado ao colecionismo de carros de Bombeiros, tendo um espólio de vários tamanhos, tipos – desde os primórdios puxados a cavalo – e oriundos de diversas partes do mundo, totalizando cerca de 3.500 elementos.

«Sempre tive uma doideira pelos Bombeiros, como grande parte dos miúdos. Não tinha ninguém na família ligado a nenhuma corporação, mas sempre gostei», começa por dizer, ao nosso jornal, Paulo Almeida, bombeiro na corporação da Pampilhosa desde os 25 anos, mesmo que os pais «me tenham tentado contrariar nesta ideia», confessa.

Se o tornar-se bombeiro voluntário chegou, obviamente, mais tarde, a paixão pelo colecionismo de carros de bombeiros começou aos sete anos, quando depois de sofrer uma intervenção cirúrgica, a avó lhe ofereceu um carrinho – o primeiro – com dois bonecos. «Esta foi a primeira peça de muitas outras que se sucederam, mas só comecei a levar isto mesmo a sério, aos 18, 20 anos, quando comecei a trabalhar e a conseguir ir aos locais buscar os carros que queria para a coleção», explica, recordando que, há muitos anos, «não havia tantos locais a vender, nem internet e, por isso, encontrava peças em alguns bazares em Coimbra, em que só numa rua havia três. Hoje nem um lá existe».

As coisas mudaram há duas décadas com a proliferação da internet, «mas também o surgimento de feiras de velharias e de colecionismo, onde se arranja sempre algumas coisas». Foi precisamente numa feira de miniaturas que Paulo Almeida conheceu um senhor que se queria desfazer da sua coleção de bombeiros, tendo comprado «grande parte, aos poucos, à medida que ia juntando dinheiro. Era um material antigo, hoje muito difícil de arranjar».

Atualmente, Paulo tem um espaço em casa só dedicado às miniaturas com cerca de 3.500 peças. «Tenho aqui carros que me custaram 5, 10 euros; outros 30, 40; e ainda poucos, mas alguns, que custaram cerca de 60 euros», diz o colecionista, falando que até já deu mais do que este valor «por algumas peças raras, numeradas». Cada carro conta uma história. «Dos mais caros que tenho foi depois de uma visita ao hospital à minha avó em que me apercebi que estava mal. Ela deu-me dinheiro e com isso comprei um carro, com o qual, obviamente, a estima é imensa», desvenda.

Paulo Almeida afirma que Portugal «é muito pobre» no que toca ao colecionismo de bombeiros. «Espanha, por exemplo, lança diversas edições sobre o tema e França é muito forte em coleções, que consigo fazer através de uma pessoa conhecida que lá reside, porque só distribuem para território francês. Tenho também material de Inglaterra, Alemanha e até um carro proveniente de Israel», explica, enfatizando que, neste momento, está a fazer uma coleção francesa de 77 viaturas, em que já só lhe faltam quatro.

«Julgo que o tipo de coleção que tenho é difícil de encontrar. Vou pela qualidade, pelos pormenores e aperfeiçoamento da peça. Não quero coisas de hipermercados e de lojas de conveniência, pois as peças não têm qualidade. Em Portugal só encontro em duas feiras de automobilismo que acontecem em Aveiro e numa papelaria em Gouveia, que aposta nas miniaturas e, devido a isso, tem muitos clientes bombeiros», afiança, acrescentando que «nos carros de ferro dá para pintar pequenos pormenores, como os piscas».

Juntamente com o colecionismo de veículos veio o interesse por legos, há pouco mais de uma década. «Aqui dá para usar a imaginação, pois compro as peças e vou fazendo as coisas com recurso à criatividade», diz, afirmando «ter legos originais, mas também muitos feitos por mim, que mais ninguém tem, como um quartel com todas as divisões».

 

Mónica Sofia Lopes