O treinador português Luís Castro recebeu, em Luso, das mãos do presidente da Câmara da Mealhada, António Jorge Franco, a atribuição de Prestígio Municipal, num concelho para o qual nunca deixou de ter atenção depois de em 2000 ter estado no comando técnico do Grupo Desportivo da Mealhada, praticamente no início da sua carreira. Já em clubes como o Penafiel ou o Porto B, elegeu o Centro de Estágios de Luso para a preparação das suas equipas. Em 2019, plantou uma árvore na Mata Nacional do Bussaco e em 2021 apadrinhou o «Projeto Atitude Agora», criado pelo Município da Mealhada, com o objetivo de trabalhar o desporto e a atividade física como resposta social para crianças e jovens. «Toda a gratidão por esta conduta e por ser um embaixador do nosso território além-fronteiras», justificou, em nota de imprensa, a Autarquia da Mealhada sobre a atribuição deste Prestígio Municipal.
«Um prémio será sempre um trabalho de muitos e não somente de um, portanto é de todos aqueles que me acompanharam: atletas, equipas diretivas e adeptos dos clubes por onde passei», referiu Luís Castro, na noite da passada segunda-feira, em Luso, para uma plateia de mais de uma centena de pessoas, onde estavam precisamente antigos atletas e dirigentes cujo percurso se cruzou com o do homenageado.
«É um gosto ter aqui o Luís, não só como o excelente profissional que é, mas também pelo bom ser humano que diversas vezes já nos fez ver que é», destacou António Jorge Franco, elogiando «a sua forma de estar, que tem feito a diferença». «Nunca disse um “não” ao Município da Mealhada e, por isso, faz sentido homenagear um homem que não esquece a rua onde deu os primeiros pontapés na bola».
O Prestígio Municipal foi entregue durante a iniciativa «Um Café Com…», do Município da Mealhada, cuja moderação esteve a cargo do jornalista desportivo João Ricardo Pateiro, que, referindo conhecer o treinador há muitos anos, garantiu que este tem «uma dimensão humana incrível», o que levou Luís Castro a emocionar-se.
Para esta conversa, Luís Castro contou também com Vítor Severino, seu treinador adjunto desde o início da carreira, para um pequeno momento onde falaram de treino e liderança. O percurso conjunto, recorde-se, foi desenhado no Futebol Clube do Porto (onde foram campeões da Segunda Liga com o Porto B), levando os dois técnicos para projetos comuns para além do emblema do dragão, com passagens pelo Vitória SC, Shakhtar Donetsk (com a conquista do campeonato ucraniano), Botafogo (conquista da Taça Rio) e, por último, o Al Nassr, formação do também português Cristiano Ronaldo. Mas antes deste percurso internacional, Luís Castro tinha passado pelo Águeda, Mealhada, Estarreja, São João, Chaves e Penafiel já na primeira Liga, nomes que fez questão de referir ao longo da conversa.
«Nos 28 anos de carreira, cheguei onde cheguei com assento na educação e ambição. Não há hipótese de ser treinador sem respeito pelos jogadores, administrações e os media», referiu Luís Castro, enfatizando que «tem muito respeito pelos atletas, convicto de que é a eles que devo toda a minha carreira». E dirigindo-se aos treinadores presentes na plateia, aconselhou: «A hora da derrota, é a hora do líder prestar os seus argumentos e responsabilidade. Os nossos jogadores, perante a opinião pública, terão que ser sempre defendidos».
Vítor Severino, que faz parte da equipa técnica que conta com seis treinadores adjuntos, enalteceu o facto de Luís Castro «promover muito a discussão e reflexão. Esse é o nosso ponto forte».
«Cristiano Ronaldo é uma pessoa de grupo, nunca “partirá” um balneário»
A última formação da dupla Luís Castro e Vítor Severino foi o Al Nassr, do também português Cristiano Ronaldo, nome inevitavelmente falado nesta conversa que decorreu no concelho da Mealhada. «Percorrendo o mundo com o Cristiano é que se sente o que ele é para as pessoas», destacou Luís Castro, exemplificando que, na viagem ao Irão, viu «uma multidão em perigo a correr atrás de um autocarro. Quando chegamos ao hotel no Teerão eram milhares e milhares de pessoas à volta do hotel».
Apesar disto, Luís Castro, respondendo a uma custa de João Pateiro, revela que o «melhor do mundo» é «uma pessoa de grupo, nunca “partirá” um balneário». «Depois é também uma pessoa de exemplo, vai às reuniões todas, não falha um único treino e é, inclusivamente, o primeiro a chegar», enaltece.
Texto de Mónica Sofia Lopes
Fotografias de José Moura