O projeto «100Paredes em Anadia», que comemora os 100 anos de Carlos Paredes (a 16 de fevereiro), trará ao município anadiense, nos próximos meses, uma exposição na Biblioteca Municipal, palestras nas instituições de ensino e dois espetáculos multidisciplinares e comunitários a 25 e 26 de abril, no Cineteatro, envolvendo algumas associações concelhias.
Anadia foi o primeiro município a associar-se ao projeto. «Levantou o braço sem querer saber se outros concelhos estavam ou não», referiu, na passada sexta-feira, André Varandas, um dos mentores do projeto, que conta com oitenta eventos espalhados por quinze concelhos e que extravasa o país, com acontecimentos internacionais.
O «100Paredes em Anadia» começa com uma exposição inaugurada a 22 de março, pelas 15h00, e que estará patente até 4 de abril, na Biblioteca Municipal de Anadia. Haverá também palestras, com um programa que vai às escolas. «O acesso à guitarra não é assim tão democratizado e, para nós, era importante, conseguir, de alguma forma partilhar conhecimento», enfatizou André Varandas.
No município bairradino, o projeto culmina com um espetáculo multidisciplinar, nas noites dos dias 25 e 26 de abril, no Cineteatro de Anadia, que conta com a participação de cinco associações anadienses: ADABEM – Associação de Dadores Benévolos de Sangue de Mogofores, Club de Ancas, Coral Stella Maris – Music & Arts, O Coral da Bairrada e Orquestra Ligeira de Anadia. «Será um espetáculo sociocomunitário, que tem tudo a ver com Carlos Paredes, uma vez que ele não dizia que não a nenhum espetáculo ou participação. Na verdade, ganhava muito pouco dinheiro com a música. Era de uma generosidade e gentileza com todos», destacou o músico, videográfico e diretor artístico sociocomunitário, desvendando que «será conhecido o “lado B” de Carlos Paredes e a plenitude da sua obra, que costumamos dizer que não tem uma única música má».
Para Jorge Sampaio, vice-presidente da Autarquia de Anadia, a aceitação ao programa focou-se em três dimensões: «As comemorações dos 50 anos do 25 de Abril; ser um vulto da cultura portuguesa; e um projeto especial que envolve algumas das nossas associações, tornando-se assim o corolário do que temos vindo a fazer com as mesmas».
André Varandas explicou ainda como surgiu a ideia dos «100Paredes». «Foi desenhado por mim e pelo Bruno Costa (“grande vulto da guitarra”), em que a ideia era gravar um LP na Valentim de Carvalho, a editora de sempre de Carlos Paredes, que nos desafiou a fazê-lo com a própria guitarra de Carlos Paredes, que tinha sido doada ao Município de Coimbra. Foi assim que fizemos a gravação com a sua guitarra e os seus microfones», referiu, acrescentando que «o projeto e o nome de Carlos Parede foi muito bem-recebido a nível nacional, mas também internacional. Estamos a falar de oitenta eventos, espalhados por quinze municípios portugueses, e que se estende a nove países».
Bruno Costa referiu também que o projeto pretende «apresentar a guitarra portuguesa a todo o país e a todo o mundo nos cem anos do nascimento de Carlos Paredes. É uma grande honra que o Município de Anadia tenha aceite este projeto».
A apresentação da iniciativa, que decorreu no Museu do Vinho Bairrada e tem como parceiros estratégicos o Município e a Universidade de Coimbra, terminou com um momento cultural de guitarra portuguesa com os músicos Bruno Costa e Nuno Botelho.
Mónica Sofia Lopes