O Municípios da Mealhada e de Anadia assinaram, na manhã de ontem, 26 de novembro, um protocolo com a Agência Portuguesa do Ambiente (APA) para a reabilitação e revalorização do rio Cértima, num investimento de cerca de meio milhão de euros.

“São cerca de 32 quilómetros do rio Cértima que serão reabilitados nos concelhos da Mealhada (17,5 quilómetros), e de Anadia (14,5 quilómetros) com o objetivo de minimizar os efeitos das cheias nestes concelhos e nas respetivas áreas agrícolas, bem como para garantir a segurança das pessoas e bens, através da estabilização, renaturalização e melhoria integrada dos corredores ribeirinhos, conciliando soluções hidráulicas com soluções baseadas na natureza, promotoras da retenção natural”, lê-se num comunicado da Autarquia da Mealhada, que acrescenta que, neste concelho, a empreitada abrange as freguesias da Pampilhosa, Vacariça, Casal Comba e União de Freguesias de Mealhada, Ventosa do Bairro e Antes.

De sublinhar que o leito do rio, segundo um comunicado da Autarquia de Anadia, padece, atualmente, “de um com junto de problemas, nomeadamente a erosão fluvial e perda de solo; o assoreamento e obstrução do canal principal; a presença de espécies invasoras; e a fragmentação da galeria ripícola”.

António Jorge Franco, presidente da Câmara da Mealhada, espera que esta intervenção dê uma vida nova ao rio Cértima. “É um passo de gigante para contrariar a lenda da Rainha Santa Isabel, que dizia que a água que corria neste rio era por ‘certo má’, o que originou, diz o povo, o nome do rio Cértoma [Cértima]. Que a Rainha nos perdoe, mas queremos mudar o rumo da história”, referiu.

No seu entender, esta é uma forma de olhar para o rio com respeito e de o devolver à população, “num ato de justiça, mas também cultural e social”. “Para isso, há que levar a cabo a revitalização das suas margens, a valorização da fauna e da flora, a criação de percursos pedestres e cicláveis e zonas para que as famílias possam conviver mais perto do rio”, acrescentou.

Ao longo da sua intervenção, o autarca informou ainda que, depois deste “sinal positivo da APA”, vão começar a estruturar percursos pedestres, valorizar as ribeiras do concelho e criar zonas balneares, entre as quais a reabilitação e valorização da bacia hidrográfica da Ribeira da Vacariça e da Ribeira de Várzeas e da criação de espelhos de água nas localidades de Santa Cristina, Barro, Várzeas e Ferraria. “Gostaríamos que este projeto pudesse ser alvo de apoio do Fundo Ambiental da APA. Queremos fazer mais e estamos disponíveis para sermos parceiros nesta mudança positiva pelo ambiente”, salientou António Jorge Franco.

Também Teresa Cardoso, presidente da Câmara de Anadia, congratulou a intervenção numa das linhas de água mais importantes do seu concelho. “Esta reabilitação é ‘urgente’ e é ‘premente a requalificação das suas margens’”, sustentou.

Na sessão de assinatura do protocolo, que decorreu no Palace Hotel do Bussaco, no concelho da Mealhada, o presidente da APA, Pimenta Machado, destacou que serão reabilitados 32 quilómetros de um total de 500, a executar por todo o país. “Temos muita vegetação que é preciso tirar, melhorar a galeria ripícola, mas fazendo uma coisa muito importante, que é usar a natureza. Não queremos betão no rio, podemos é usar materiais naturais como a madeira para melhorar as condições do rio”, destacou, adiantando que o Portugal 2030 abre a porta ao financiamento de várias obras deste género.

Esta obra, apoiada pela Agência Portuguesa do Ambiente, através do Fundo Ambiental, tem o prazo de execução de 120 dias.