Num ano em que a Fundação Mata do Bussaco espera voltar a atingir o meio milhão de visitantes, como aconteceu em 2023, muitos têm sido os investimentos nesta mata nacional. Para breve estará um novo espaço de Cafetaria, que proporcionará melhores condições ao público mesmo em dias de chuva; arranjo de todos os caminhos pedestres dentro desta floresta; e intervenção em cerca de cinco quilómetros da cerca da Mata.
«2023 foi o melhor ano de sempre em termos de visitação conforme espelha o nosso relatório de atividades. Estamos a falar de meio milhão de pessoas entre pagantes e não pagantes (nomeadamente os que entram a pé e as crianças da escola que têm acessos gratuitos)», começa por afirmar, ao nosso jornal, Guilherme Duarte, presidente da Fundação Bussaco, descrevendo que, para este ano, a ambição foi a mesma, contudo, «o primeiro semestre foi abaixo das nossas expectativas porque o tempo é sempre um fator condicionante». «Apesar disso, o segundo semestre começou bem e o mês de agosto, face ao período homólogo, foi superior, com o setembro a ser melhor que o do ano passado, mas tivemos de encerrar durante alguns dias devido ao alerta nacional para o risco de incêndio. Esperamos recuperar até ao final do ano».
Como maiores fatores para o aumento de visitantes, Guilherme Duarte aponta as já reconhecidas qualidades naturais, patrimoniais, florestais, religiosas e militares da Mata do Bussaco, às quais acresceu um programa sénior para todo o país, com vantagens no preçário «e que tem tido grande adesão por parte de Autarquias e Juntas. Só um município trouxe ao Bussaco mais de quatro mil seniores». Também o Espaço Educativo, inaugurado em maio de 2023, foi aposta ganha, sendo procurado por Agrupamentos de Escola de todo o país, com visitas orientadas, didáticas, desde o pré-escolar ao secundário.
Ao abrigo do último protocolo com o Fundo Ambiental, que em 2024 teve um financiamento de 600 mil euros, a Fundação vai apostar na remodelação da Cafetaria da Mata, cujo concurso terminará dentro de dias. «Vai ser um local modulado, digno, com muito vidro e um espaço interior acolhedor e maior. O atual é uma grande fonte de rendimento da Fundação, mas depende muito das condições climatéricas, mesmo no verão, se chover, já é um dia de pouca receita», explica Guilherme Duarte, avançando, que a obra deverá ter início em novembro, com intenção de ficar concluída em janeiro de 2025, «num investimento de mais de 200 mil euros».
«Vamos também recuperar todos os caminhos pedestres dentro da Mata para que as pessoas possam andar com mais conforto. Uma obra que começa no início de outubro», avançou ainda o presidente da Fundação Bussaco, acrescentando que está também a decorrer o concurso para arranjo de cerca de cinco quilómetros e meio da cerca da Mata, pela zona mais exposta de Luso contígua a EN234, «pois em vários locais está derrubada pela queda de árvores». «O intuito é continuar a obra no próximo protocolo com o Fundo Ambiental para fechar a cerca e podermos encerrar a Mata, por exemplo à noite», explica Guilherme Duarte, que acredita que «dentro de pouco teremos fibra ótica na nossa floresta, o que vai melhorar as comunicações e permitir que as portagens da Mata possam funcionar 24 horas em determinadas alturas do ano».
«Faz parte de um projeto financiado em 2022, em que temos já uma cabine de controlo totalmente pronta a funcionar. No verão a ideia é ter sempre recursos humanos, em horário diurno, nas portagens, mas nos períodos mais baixos e noturnos passaremos a ter portagens automáticas e a libertar as pessoas para outros serviços e tarefas», diz, garantindo que isto trará ao Bussaco «receitas significativas».
Falta de limpeza em espaço privado confinante é motivo de preocupação
Após uma semana dramática no distrito de Aveiro no que toca a incêndios, o presidente do conselho diretivo da Fundação Mata do Bussaco «não esconde o receio que sente» nestes períodos críticos.
«Existe uma relação muito boa com a maioria dos confinantes da Mata, nomeadamente, os Baldios Luso-Bussaco e os de Sula, que têm feito um trabalho bastante satisfatório de proteção da Mata», afirma Guilherme Duarte, confessando, contudo, «uma grande preocupação com o lado norte da Mata, pois o espaço de aproximadamente sete, oito hectares, pertencentes a um privado, nem sempre apresenta o melhor estado de limpeza».
Mónica Sofia Lopes