O lusense Nuno Alegre vai apresentar o seu quarto livro, intitulado «O Cântaro que foi à Fonte», esta sexta-feira, dia 9 de agosto, às 18h00, na Fonte de São João, em Luso. A receita das vendas da obra, que decorrerão durante a cerimónia de lançamento, reverterá totalmente a favor do Centro Social Comendador Melo Pimenta, Instituição Particular de Solidariedade Social que, nas palavras do autor, «desempenha um papel absolutamente fundamental na vila de Luso».

No seguimento dos anteriores três livros sobre a região de Luso e Bussaco – «De Luso», «Bussaco vs Buçaco» e «Na Mira do Bussaco» – , este novo livro «destina-se a levar mais a fundo os estudos sobre uma das mais importantes e conhecidas fontes de água potável da região Centro de Portugal: a Fonte de São João Evangelista, na vila termal de Luso». «Tendo como objetivo a valorização turística e cultural deste manancial de água potável, o livro tem como promessa a revelação de informação inédita sobre herança histórica deste local que todos os anos é visitado por milhares de pessoas de todo o mundo», enaltece o investigador e arqueólogo amador Nuno Alegre.

Ao nosso jornal, Nuno Manuel Gouveia Alegre, de 52 anos, começa por explicar alguns pormenores da obra. «Em determinada altura, apercebi-me de que houve duas comunidades em Luso, uma ligada à Igreja e outra d’Alem, em que há uma série de pistas que nos indicam que a Capela junto à Fonte tinha uma dupla funcionalidade», afirma, deixando no ar a questão: «Para uma população relativamente pequena, o porquê de um lavadouro gigante, com um desgaste das pedras tão grande que dava ideia que seria bem mais antigo?».

O investigador afirma ainda que Francisco da Fonseca Henriques, em 1726, no seu «Aquilégio Medicinal» nunca se refere a nenhuma Capela junto à Fonte, «o que nos remete para a sua construção mais tarde». «Também através de jornais, sabemos que os terrenos das Termas foram expropriados a particulares, mas o da Fonte não foi, portanto, toda aquela zona sempre foi pública e da comunidade. A existir alguma propriedade da Fonte é a população de Luso», ressalva, enumerando outras temáticas focadas na obra, nomeadamente, «levantamento do regadio para se perceber a sua extensão; mapa da rega foreiro para se saber quem regava primeiro; levantamento dos Moinhos até ao de Carpinteiros explicando porque as pessoas de Luso eram designadas por “burriqueiras”; e fontes de água nesta zona para que as pessoas se apercebam da sua importância».

A obra foca ainda a qualificação da Fonte de São João, «que mete ali milhares de pessoas anualmente, sendo muito visitada, mas também muito maltratada ao nível turístico». «Aquele espaço deveria estar todo aberto, amplo e cheio de luz, mas está enclausurado em granito, numa pedra, escura e feia», defende Nuno Alegre, garantindo que fala também na quantidade de água que sai da Fonte: «Estamos a falar de 500 piscinas olímpicas, de água de alta qualidade que sai dali todos os anos, que sempre foi um local defendido pelas enxurradas e protegido das águas menos boas. Exemplo disso foi o facto da Sociedade da Água de Luso ter comprado os terrenos à volta da Fonte, precisamente para a proteger».

O livro, que contou com a revisão do lusense Pedro Carvalho, vai ser apresentado, como as últimas três obras, por Nuno Canilho, e as receitas da sua venda, durante a cerimónia, reverterão integralmente para o Centro Social Comendador Melo Pimenta. «É uma responsabilidade social e uma forma de sensibilizar as novas gerações para o papel importante desta IPSS», apela ainda o autor.

 

 

Próxima obra sobre a «Batalha do Bussaco»

Nuno Alegre publicou a sua primeira obra em 2015, mas espera, até ao próximo ano, apresentar a quinta sobre a «Batalha do Bussaco».

«Será um mini guia de leitura fácil para se perceber a tramitação da Batalha através da consulta dos Arquivos do Exército», afirma, descrevendo ainda «que há uma suspeita da localização da vala comum onde os frades colocaram os militares mortos desta Batalha e estou a trabalhar nisso…».

Com a publicação destas obras, o investigador lusense afiança querer «deixar material para que as gerações vindouras o possam corroborar ou, por outro lado, contestar». «Ao escrever sobre esta região estamos a valorizar o nosso produto turístico, que é o nosso ganha pão. É também uma forma de nos diferenciarmos, valorizando o nosso produto para o futuro», defende.

 

 

Mónica Sofia Lopes