A Associação do Carnaval da Bairrada realiza assembleia-geral, na noite desta terça-feira, 3 de outubro, pelas 20h30, no Espaço Inovação da Mealhada. “Apresentação de contas” e “fecho do ano económico” – que segundo os estatutos da ACB decorre de 1 de junho a 31 de maio de cada ano – são os pontos agendados na ordem de trabalhos. A apresentação de contas, por parte da Associação do Carnaval, tem sido, aliás, assunto nas últimas reuniões do executivo camarário na Mealhada, com o Partido Socialista, na voz do vereador Rui Marqueiro, a apelar ao presidente da Autarquia que “mova a sua magistratura para que sejam apresentadas as contas do evento, que se realizou em fevereiro, estando em setembro e ainda nada”. Aquando desta reunião – que se realizou a 11 de setembro -, e contactado pelo nosso jornal, Alexandre Oliveira, presidente da direção da ACB, garantiu que “as contas referentes à edição de 2023 do Carnaval Luso Brasileiro da Bairrada” seriam apresentadas “brevemente”, aproveitando para apelar “a que seja uma sessão participada por parte dos associados”.
Executivo aprovou 12 mil euros de apoio financeiro à “Cidade do Samba”
Recordamos que, no início do mês de setembro, a Associação do Carnaval da Bairrada realizou o evento «Cidade do Samba», que voltou a acontecer no Parque da Cidade da Mealhada. A festividade – de três dias, mas cujos alguns espetáculos foram cancelados devido ao mau tempo – contou com um apoio financeiro de 12 mil euros da Câmara da Mealhada, que foi aprovado, por unanimidade, pelo executivo, na reunião de 1 de setembro. O festival teve, em 2023, pela primeira vez, entradas pagas.
Na altura, Filomena Pinheiro, vice-presidente da Autarquia, referiu tratar-se “de um apoio ao maior festival de samba do país”. “Eventos que acontecem já numa altura de época baixa, ajudam atrair mais pessoas”, defendeu, acrescentando que “temos que ter capacidade de destacar os eventos que nos posicionam”.
Questionado sobre a oposição sobre quando seria feita a transferência, António Jorge Franco, presidente da Autarquia, explicou que só acontece “mediante apresentação de comprovativos dos gastos”.
Já na última reunião, o edil enfatizou que “o “bolo” do subsídio foi o normal dos outros anos”, relembrando que “a parte elétrica foi toda feita pela a ACB”. Acrescentando ainda o vereador Ricardo Santos que os funcionários camarários “colocaram as “estações” da vedação, mas o sombreamento foi todo feito pela Associação”.
“Ou apostávamos neste evento ou voltávamos para o Jardim”, referiu dirigente
Em 2023, o festival «Cidade do Samba» realizou-se num fim-de-semana de instabilidade meteorológica, o que levou ao cancelamento de alguns programas previstos, nomeadamente na tarde de domingo, 10 de setembro. A noite de sexta-feira, contou com um grupo vindo do Brasil – «Monobloco» -, numa noite marcada por fortes chuvas e trovoada.
Mas antes da precipitação, e aquando da inauguração do evento, ao nosso jornal, o presidente da Câmara da Mealhada mostrou-se agradado com o espaço, defendendo que “o que está aqui dentro, não é o que se vê ali fora. Estamos perante um trabalho extraordinário, feito com empenho”.
Alexandre Oliveira, dirigente da ACB, enfatizou, também na abertura do evento, que “esta direção gosta sempre de fazer algo diferente, que acrescente valor” e que a mudança de local “foi uma luta de alguns anos”. Já sobre as entradas pagas destacou que dada a panóplia de espetáculos, onde se incluiu um grupo vindo do Brasil, “era inevitável que o evento tivesse um custo de entrada”, mesmo que, tenha referido, na ocasião, que se trabalhou “para ter o valor mais baixo possível”. “Queremos ser uma marca nacional e ou apostávamos neste evento ou voltávamos para o Jardim”, disse.
Outro dos artistas que subiu ao palco foi Xandinho, autor do hino da “Cidade do Samba”. “Foi um desafio criar uma música propaganda deste festival, onde me foquei na cidade, nos costumes, na Bairrada e na Mealhada com o seu pão, vinho e leitão”, enalteceu o músico, que atuou, antes de Monobloco, com a sua banda “de nove músicos, maravilhosos, que me acompanham para trazer muito samba de raiz”.
Escolas de fora aplaudem “espaço” da “Cidade do Samba”
No sábado, o dia dedicado às escolas – residentes e convidadas -, o «Bairrada Informação» falou com os dirigentes das coletividades, tendo a estreia sido com Alexandra Azevedo, presidente direção GRES Charanguinha, de Ovar. “Este lugar está fantástico e muito bem distribuído”, referiu a dirigente da escola que esteve na Mealhada a convite da Real Imperatriz, de Casal Comba.
Viviana Proença, Costa de Prata, de Ovar, designou o festival de “prestigiante”, destacando a parceria de “há muitos anos com o Batuque”. A rainha da Bateria, desde 2014, que fez a sua última atuação – no lugar de Rainha – precisamente na Mealhada, referiu que o facto de o evento ser de entradas pagas “é fazer valer o espetáculo bom que as escolas apresentam”.
Carolina Nunes, rainha da Bateria da Trepa no Coqueiro, de Sesimbra, enalteceu “a estrutura do festival”, que apelidou de “espetacular”. “Em Sesimbra é muito bom, porque estamos na praia e é como se fizéssemos uma viagem ao Rio de Janeiro, mas infelizmente não temos algo deste género”, disse. Palavras corroboradas por Rita Sofia, da escola A Rainha, da Figueira da Foz. “Está um espaço muito didático e diferente do que esperava. É bom estar aqui”, disse, confessando que os Festivais da Mealhada e de Estarreja são momentos muito aguardados, “em que as expectativas estão sempre altas”.
Também Ricardo Alves, mais conhecido por “Chora”, do GRES Bota, de Sesimbra, enalteceu as qualidades do evento. “Aqui há condições ótimas para fazer isto e muito mais”, disse, revelando que “Sesimbra fica um bocado isolada destas localidades onde se faz Carnaval, por isso, estar aqui, significa intercâmbio e troca de experiências”. Daniela Andrade, presidente direção do GRES Trepa de Estarreja, referiu que o festival “está cada vez melhor”, elogiando o espaço envolvente: “Mais bonito, acolhedor e agradável”.
Das escolas “residentes”, que é o mesmo que dizer, as escolas que desfilam no Carnaval Luso-Brasileiro da Bairrada, foi Patrícia Pinto, presidente direção Amigos da Tijuca, a primeira a dar o seu testemunho: “Este upgrade era necessário, porque o nosso festival estava ultrapassado. O mesmo estão a fazer outros carnavais que criaram eventos gigantescos”. A dirigente lamentou ainda que “a população em geral não veja com bons olhos esta mudança”.
Gilberto Lima, presidente direção Real Imperatriz, recordou que este festival dá sempre o arranque para o próximo Carnaval. “É a partir daqui que se iniciam os preparativos para o Carnaval de 2024, onde tentaremos fazer melhor que no ano anterior”, afirmou. Também Carina Ferreira, vice-presidente da direção dos Sócios da Mangueira, destacou que as atuações no festival “são sempre um misto de adrenalina e pressão, após meses de trabalho” e que marca “o início de um novo ano com os preparativos do Carnaval”.
Andreia Rosa, presidente direção Batuque, a última escola a atuar, defendeu que o evento “Cidade do Samba” é “uma boa festa, mas que perde a essência do festival de samba, porque não é feito a pensar totalmente nas escolas”.
Mónica Sofia Lopes