Dois residentes em Sangalhos, no concelho de Anadia, queixaram-se, na última reunião pública da Autarquia, do que dizem ser a implementação de um hipódromo e escola de equitação na freguesia, que alegam estar já a ser alvo de «maus cheiros e bandos de moscas e mosquitos». Para o executivo existem «questões que o Plano Diretor Municipal permite fazer e que não podemos proibir». «Sei que o processo está a seguir os trâmites e que as várias entidades responsáveis vão dar parecer favorável», referiu Jorge Sampaio, vice-presidente da Câmara de Anadia.

«Sou vizinho do terreno onde está a ser implementada a escola de equitação e hipódromo em zona habitacional. Já chegaram a estar onze cavalos, agora estão sete e é impossível abrir uma janela ou andar ali à volta. Aquilo tornou-se numa pocilga», referiu António Santos Maia, lamentando «a quantidade de urina e detritos que faz com que ninguém possa estar naquela zona por causa dos bandos de moscas e mosquitos». «Quando construi a minha casa, a Câmara obrigou-me a fazer frente para esta artéria e agora tenho-a virada para onde andam cavalos a circular», continuou o munícipe, questionando se o espaço «foi licenciado e legalizado, uma vez que já lá tem currais e telheiros».

«Ter classificação de habitação não significa que não se possa ter outras ações. Para a Câmara impedir tem que ter fortes argumentos», referiu Maria Teresa Cardoso, presidente da Autarquia, explicando que, no caso em concreto, a análise não depende somente da Câmara, mas da Direção Geral de Agricultura, do Ambiente e da Direção Geral Veterinária. «Só depois do parecer de todas estas entidades, é que nos pronunciamos», enfatizou, reconhecendo que o tema «é delicado», mas admitindo que «a Câmara não pode lá chegar e proibir de se ter ali um cavalo».

O vice-presidente da Câmara de Anadia explicou ainda que «há questões que o PDM permite fazer e que não podemos (Município) proibir. Este tipo de atividade também é permitido naquele tipo de solo e, mesmo que não gostemos, a lei não nos deixa proibir». O autarca referiu também que «o processo está a seguir os seus trâmites», mas que já tem conhecimento de que «as várias entidades vão dar parecer favorável». «Sou de Sangalhos há 51 anos e continuo sem perceber algumas coisas. Estamos a falar de jovens que vêm investir no concelho com a construção de um picadeiro. Vai trazer economia e pessoas e não consigo perceber porque é que não pode ser», lamentou, recordando o problema que se gerou aquando da construção do velódromo: «Era o elefante branco e hoje orgulhamo-nos de ter um dos melhores velódromos do mundo. Temos de saber viver em sociedade e isso precisa de tolerância».

Jorge Sampaio informou ainda que as Direções Veterinária e do Ambiente «vão viabilizar o espaço», garantindo que cabe também a estas entidades a obrigação «de fazer cumprir com todas as exigências».

 

Mónica Sofia Lopes