Os presidentes das Juntas de Freguesia do município de Anadia lamentaram, na última Assembleia Municipal, o que tem vindo a ser dito, em vários quadrantes políticos e comunicação social, nomeadamente, que «as freguesias do concelho estão abandonadas». «Estranhamos esta estratégia e desconsideração», referiu Lúcia Rodrigues, presidente da Junta de Freguesia de Avelãs de Caminho, porta-voz do documento entregue no órgão municipal.

«Nos últimos meses, temos assistido a um quadro desprestigiante para com as freguesias do concelho de Anadia, afirmando-se, em vários quadrantes políticos e comunicação social, que estas estão abandonadas», começou por dizer a autarca de Avelãs de Caminho, demonstrando um «profundo desagrado» por estas declarações. «Nós, autarcas eleitos, estamos todos os dias em contacto com as nossas populações, disponibilizando os nossos meios para encontrar soluções para o que nos é solicitado», defendeu.

Para Lúcia Rodrigues é de lamentar «não termos sido ouvidos, apesar da nossa total disponibilidade, para prestar qualquer esclarecimento adicional sobre as nossas freguesias. Estranhamos esta estratégia e desconsideração e exigimos outro respeito para com os nossos munícipes, já que, até ao momento, não a tiveram connosco», manifestou a presidente da Junta de Avelãs de Caminho, lendo um documento assinado pelos dez presidentes das Juntas do concelho de Anadia.

Manuel Veiga, da Junta de Freguesia de Avelãs de Cima, também garantiu que, «na pandemia, da parte do Estado não tivemos nada, mas da Câmara podemos ir buscar todo o material necessário para a nossa segurança. A Câmara de Anadia não permitiu que as Juntas, com os parcos recursos que têm, gastassem verba com a pandemia. Isto é que é ajudar». Também da União das Freguesias de Arcos e Mogofores, Fernando Fernandes, enalteceu «o apoio que a Câmara tem dado na logística e com computadores por causa dos Censos». «Porque, mais uma vez, também nos Censos, são as Juntas que estão lá», enfatiza.

Sobre o tema, também José Carvalho, da bancada do «Movimento Independente Anadia Primeiro», defendeu que o «abandono das freguesias devia ser olhado pela parte do Poder Central». «No Plano de Recuperação e Resiliência, por exemplo, vemos a incapacidade do Estado em olhar para as freguesias e para o território de Aveiro», exemplificou o deputado municipal, que continuou: «O Estado obrigou as Freguesias a terem contabilidade organizada, o que significa mais um custo. Acontece que as freguesias pagam IVA e não o podem deduzir. Isto é que é um abandono das freguesias. E que verba receberam as Juntas do Estado de apoio à pandemia? Zero. Então isto não é um abandono às freguesias?».

Da bancada do PSD, João Gaspar, afirmou que «as Juntas devem estar agradecidas à Câmara» pela cedência de material, como máscaras e álcool gel, defendendo, contudo, que «as pessoas são livres de concorrer e de terem as suas opiniões. Não faz sentido criticar quem não está cá para se defender», referiu, reconhecendo que «o trabalho dos presidentes de Junta nem sempre é fácil».

A presidente da Câmara de Anadia, Teresa Cardoso, manifestou uma palavra de apoio aos presidentes das Juntas: «Contem sempre connosco. Vocês são ativos, presentes, disponíveis e nem sempre reconhecidos», afirmou.

 

Mónica Sofia Lopes