Os Lions de Portugal vão financiar dois projetos de investigação na área do cancro infantil, com a atribuição de duas bolsas, no valor de 13 500 euros cada. Os projetos foram selecionados por um júri, que integrou especialistas na área da oncologia, no âmbito de um concurso organizado pela Liga Portuguesa Contra o Cancro em parceria com os Lions de Portugal.

Das seis candidaturas apresentadas a concurso, a escolha do júri recaiu em dois projetos, um deles liderado pela investigadora Célia Gomes, do Instituto de Investigação Clínica e Biomédica (iCBR) da Faculdade de Medicina da Universidade de Coimbra e o outro por Jorge Lima, do Ipatimup / Centro Hospitalar Universitário de São João.

A cerimónia, realizada no Centro de Artes de Águeda, no domingo, contou com a presença de dirigentes do Lions em Portugal, nomeadamente dos Governadores distritais do Centro Sul e do Centro Norte, e da Liga Portuguesa Contra o Cancro e ainda do presidente da Câmara de Águeda.

 

Hino do projeto LUCAS

A ocasião serviu ainda para dar a conhecer o Hino do projeto LUCAS, de apoio ao combate do cancro infantil do Lions, com letra e música das Lookalike, que subiram ao palco do CAA para a primeira interpretação pública do tema.

O videoclipe que contará com as participações de vários artistas nacionais, como Paulo Gonzo, Xutos & Pontapés, André Sardet, Olavo Bilac, David Carreira, Fernando Daniel e Katia Guerreiro, entre outros, será lançado brevemente on line, uma vez que a pandemia travou a preparação de um concerto ao vivo.

Têm sido várias as iniciativas levadas a cabo pelos Lions para ajudar a combater o cancro infantil nos últimos três anos. Além da oferta de equipamento a hospitais do norte e do sul, destaca-se este apoio à investigação médica, com o objetivo de “ajudar a colmatar a falta de investimento na investigação médica no caso especifico do cancro pediátrico”, como referiu Isabel Moreira, presidente dos Lions de Portugal, na ocasião.

Na hora dos agradecimentos, os vencedores das bolsas salientaram a importância do apoio dos Lions à investigação através da atribuição das duas bolsas, cujas verbas foram angariadas com a realização de oficinas de construção do boneco Lucas e que contaram com uma forte adesão da sociedade civil, nos vários locais do país onde foram realizadas.

Na oportunidade, o presidente da câmara municipal de Águeda, Jorge Almeida, sublinhando o gesto do Lions, disponibilizou-se para ser “embaixador desta causa”.

Por sua vez, Vítor Rodrigues, presidente da Liga Portuguesa Contra o Cancro, destacou a importância da investigação para “encontrar as melhores soluções, a partir de prova científica, para haver cura e sobrevivência, e qualidade de vida para as crianças e seus familiares”.

 

 

SOBRE OS PROJETOS

1 – “Exossomas como ferramenta de diagnóstico de micrometástases pulmonares no osteossarcoma”

 

Projeto liderado pela investigadora Célia Maria Freitas Gomes do Instituto de Investigação Clínica e Biomédica (iCBR) da Faculdade de Medicina da Universidade de Coimbra em parceria com Antero Abrunhosa do Instituto de Ciências Nucleares Aplicadas à Saúde (ICNAS).

 

Este projeto tem como objetivo o desenvolvimento de uma ferramenta inovadora de diagnóstico baseada em exossomas, para a deteção de micrometástases pulmonares no osteossarcoma, através de uma técnica de imagem não invasiva por tomografia por emissão de positrões – PET.

 

Os exossomas são vesiculas secretadas pelas próprias células tumorais, que se sabe terem um papel importante na preparação dos locais de metastização e afinidade pelas lesões metastáticas. Pretendemos isolar essas vesiculas e radiomarcá-las com um isótopo emissor de positrões, para que através da imagem PET, possam servir como moléculas sinalizadoras de formação das metástases nas fases iniciais da doença, possibilitando dessa forma intervenções terapêuticas mais precoces e direcionadas. Esperamos, com este projeto contribuir para a melhoria da sobrevida dos doentes com osteossarcoma que representam 5% de todos os tumores pediátricos.

 

 

2 – “Estudo de marcadores moleculares em tumores cerebrais pediátricos”

 

Objetivo:

No projeto PEDILIQ o nosso objectivo é implementar metodologias para a deteção de marcadores moleculares em biópsia líquida. As biópsias líquidas são biópsias obtidas a partir de líquidos circulantes, nomeadamente sangue e líquido cefalorraquidiano. São particularmente relevantes em tumores cerebrais pediátricos, dados os riscos envolvidos na obtenção de biópsia tecidular cerebral.

 

Metodologia:

Iremos incluir no estudo todos os novos doentes com diagnóstico inaugural de tumores cerebrais pediátricos, bem como doentes com diagnóstico anterior, mas cuja doença se encontre em progressão, ou seja grave e/ou irressecável. Prevemos que o projeto se desenvolva num ano e contabilize 20 a 30 doentes.

 

Impacto:

Com o projeto PEDILIQ, queremos validar as biópsias líquidas como uma fonte de material genético para o diagnóstico molecular de tumores cerebrais pediátricos, de forma a poder ultrapassar limitações das biópsias tecidulares e contribuir para a melhoria do bem-estar da criança, evitando, quando possível, a cirurgia com os riscos inerentes.

A “Bolsa de Investigação Médica LPCC/LIONS – Cancro infantil”, permitir-nos-á contribuir significativamente para validar a biópsia líquida em doentes sem cirurgia, melhorando assim a sua qualidade de vida, identificar possíveis alvos para tratamento dirigido e ainda aperfeiçoar a monitorização dos doentes, mesmo quando biopsados.  

 

 

 

Fonte: Lions Portugal

Fotografia: JA Reportagens