Um espaço para recolha de monos, em Barcouço, que se situa junto ao Campo de Futebol de Barcouço, na estrada para Rio Covo, em funcionamento desde junho de 2020, é constantemente alvo de uso abusivo, com a colocação de todo o tipo de material. Para além disso, segundo João Cidra Duarte, presidente da Junta de Freguesia, um local que seria para servir a população da freguesia, é indiscriminadamente usado por outras freguesias e concelhos vizinhos. O assunto foi, na manhã de ontem, focado na reunião do executivo municipal, com o vereador socialista José Calhoa a lamentar que seja «a Junta a pagar o transporte destes resíduos» e o presidente da Câmara da Mealhada, António Jorge Franco, a recordar que «o projeto vem do mandato anterior, com a recolha e o transporte a serem feitos, desde sempre, pela Junta de Freguesia».

«Criámos este espaço para a recolha de monos, eletrodomésticos, colchões, etc. A verdade é que ali, e mesmo com ecopontos ao lado, colocam plásticos, garrafas, restos de jardim e de materiais de construção, pneus, livros, dossiers». As palavras são do presidente da Junta, ao nosso jornal, em setembro de 2020, que, na altura, lamentava «a falta de bom senso, civismo e respeito das pessoas», acusando de no local estarem, nessa altura, inclusivamente «envelopes com o nome de uma senhora» de uma freguesia de um concelho vizinho e «até coisas de uma sapataria de Coimbra».

Mais de quatro anos volvidos, a dificuldade mantém-se, conforme se vê na fotografia do local, antes de ser limpo, há mais de uma semana. «O grande problema é que de cada vez que fazemos um transporte para ERSUC são 160 euros de custo para a Junta e se no passado levávamos uma carrada de dois em dois meses, nos últimos tempos têm de ser duas carradas por mês», lamenta o autarca João Cidra Duarte, garantindo já ter recebido «um aviso de aumento de dez euros, passando o transporte de entrega para 170 euros». «Isto pesa muito no orçamento da freguesia», enfatiza, explicando que a Câmara «só apoia com a máquina (que tira os resíduos do local para o transporte), dentro da capacidade de resposta que é possível, que às vezes tarda». «O objetivo do espaço sempre foi apoiar o Município numa boa gestão dos resíduos que ali se depositam, mas muito possivelmente, teremos que fechar o espaço de onde até as placas superiores já foram furtadas», lamenta.

O tema da deslocação foi, ontem, espoletado pelo vereador municipal José Calhoa, que não considera «sensato» ser a Junta de Freguesia a ter este custo. «Estamos a falar de um projeto do mandato anterior, em que a recolha e entrega na ERSUC sempre foi feita pela Junta de Freguesia. Temos colaborado com o carregamento do material, que nem sei se era feito no passado e sinto que há muita indignação com este assunto, mas só de 2024 para cá», retorquiu António Jorge Franco, aproveitando a oportunidade para «apelar às pessoas, que sempre que vejam aquele espaço cheio, contactem a Câmara Municipal». «A Câmara faz recolha porta a porta e encaminha para o devido local», disse o edil.

Ricardo Santos, vereador na Autarquia, acrescentou também que o Município vai o local com o camião «sempre que somos alertados». «Temos o exemplo da Pampilhosa, nos mesmos moldes, que funciona muito bem», afirmou. Já o vereador Hugo Silva lamentou «a falta de gestão, planeamento e dimensão» do espaço.

 

Texto de Mónica Sofia Lopes

Fotografia com Direitos Reservados