«Estamos a criar uma modalidade que permita que as confederações e grandes associações empresariais possam funcionar quase como consolados na “garantia” de trazer pessoas de fora que tenham trabalho e casa garantidos. Com boas condições e todas as questões validadas, podemos criar uma “passadeira verde” à entrada de imigrantes», referiu, na Mealhada, Manuel Castro Almeida, ministro adjunto e da Coesão Territorial, aquando de uma iniciativa conjunta das Comissões Políticas de Anadia e da Mealhada do Partido Social Democrata. Sob o mote Plano de Recuperação e Resiliência e Turismo, a iniciativa contou com um painel de convidados ligados à hotelaria e restauração, que demonstraram algumas preocupações, nomeadamente, no que toca a recursos humanos.

Como convidados estavam Licínia Ferreira, do restaurante Rei dos Leitões; e João Diniz, presidente do conselho de administração do Grande Hotel de Luso. «No caso concreto da Mealhada e de Luso temos estado a viver, nos últimos anos, um momento bastante positivo», referiu João Diniz, justificando que isso se deve não só ao turismo independente, mas também pela aposta «nas áreas de congressos e do desporto, havendo também a mais-valia do Turismo de Natureza, em que, por exemplo, a Mata Nacional do Bussaco foi considerada, recentemente, a 1.ª Floresta Terapêutica da Península Ibérica».

O presidente do conselho de administração do Grande Hotel de Luso reportou a necessidade de haver «um reforço de mão de obra qualificada para dar resposta a todos os setores nestas áreas». Além disso, João Diniz lamentou que «o termalismo não esteja incluído na linha de apoio do Turismo +Sustentável». «O termalismo, presente na nossa região em Anadia e na Mealhada, obriga a estadia e refeições. Estamos a falar de fluxo de pessoas e não faz sentido uma área com tantas carências não estar contemplada», sublinhou.

Já sobre o turismo desportivo defendeu ser necessário «um estudo profundo». «Lá fora este setor já contribui com 30% do valor do turismo e, em Portugal, apesar de não estar quantificado, não deve estar longe disto, desde o competitivo ao de lazer», afirmou.

Licínia Ferreira, do restaurante Rei dos Leitões, focou também o seu discurso «na falta de mão de obra qualificada» que, na sua opinião, «impede o crescimento sustentável», questionando o ministro adjunto e da Coesão Territorial, entre outras coisas, que «medidas serão implementadas para corrigir esse problema» e quais as estratégias «para atrair e reter mão de obra na região Centro?».

Sobre a temática, o ministro adjunto e da Coesão Territorial, avançou que o atual Governo «acabou com a regra de entrar no país quem quer, uma vez que só faz sentido termos os emigrantes com condições decentes. Não queremos amontoados de pessoas a viver de qualquer maneira». Manuel Castro Almeida explicou que «está a ser criada uma modalidade que permita que as confederações e grandes associações empresariais, credíveis, possam funcionar quase como “consolados”», informando as necessidades e número de trabalhadores «para as quais podem garantir boas condições de trabalho e de casa para viver». «Uma lista que será validada, nomeadamente analisadas as questões criminais, remetendo-se posteriormente para o devido consulado que emitirá o visto. Isto facilitará muito a entrada de imigrantes e vai permitir uma “passadeira verde” a estas pessoas. Estamos em grande articulação com outros ministérios para facilitar esta medida», referiu, enaltecendo os números do turismo em Portugal: «Já ultrapassamos os dados de 2019 e em 2023 já faturamos mais 10% do que nesse ano que antecedeu à pandemia», referiu, apelando «a que os bons resultados do turismo também cheguem ao bolso dos trabalhadores».

 

Mónica Sofia Lopes