Seis munícipes e uma associação do concelho da Mealhada responderam ao repto do Arquivo Municipal na cedência de documentos históricos, juntando-se assim à informação já guardada por este setor do Município. A exposição «25 de Abril: ontem, hoje e amanhã» está patente, no Cineteatro Messias, até ao próximo dia 31 de outubro.

A sala de exposições do Cineteatro Messias inaugurou, na passada sexta-feira, a exposição que resulta do espólio coletivo do Arquivo Municipal da Mealhada e de vários munícipes que contribuíram com os seus espólios e memórias pessoais. São eles António Luiz Quintans, Carlos Jaime Ferreira, Fernando Lusitano Pires, Fernando Saldanha, Isabel Lemos, Sónia Almeida e o Rancho de São João de Casal Comba.

«Queremos chamar os jovens para as dificuldades do antes do 25 Abril de 1974 e para a evolução que tivemos desde então, nomeadamente, na saúde, educação e no nível de vida», declarou António Jorge Franco, presidente da Autarquia da Mealhada, enfatizando «de que são, agora, também os mais jovens que têm que lutar pela liberdade e pelos direitos de todos nós».

Documentos, imagens e artefactos, alguns provenientes de pastas confidenciais, não faltam na mostra. Entre eles, uma carta do Governo Civil de Aveiro a questionar a Câmara da Mealhada sobre «a feição política dos jornais»; o edital das primeiras eleições livres, em que dos 12.223 de eleitores inscritos, votaram, em dezembro de 1976, 6.630 munícipes; documento das listas definitivas dessa primeira eleição; assim como o auto de posse dos responsáveis pela Comissão de Recenseamento da Freguesia da Mealhada, em dezembro de 1974.

Desta comissão e dos cinco munícipes que a representaram – Manuel dos Santos, Carlos Jaime Ferreira, Carlos Breda do Vale, Francisco Marques Bom e José Carlos Xabregas – só Carlos Jaime está vivo, tendo estado presente na inauguração da exposição. «Durante dois meses, das 19h00 às 22h00, estávamos numa sala do rés-do-chão da antiga GNR, no centro da Mealhada, a receber as pessoas que se queriam recensear. Os munícipes preenchiam os papéis, que depois remetemos para Lisboa», recordou ao nosso jornal.

Também Fernando Saldanha recordou os quatro anos em que esteve na Guerra do Ultramar, de 1970 a 1973, pela Força Aérea. «Só saí da guerra com 25 anos e passado um ano deu-se o 25 de Abril. A liberdade e mudança não foi de repente, foi acontecendo dia a dia, ano após ano. Era tudo muito difícil até então», explicou, revelando que foi uma das mais de seis mil pessoas a votar nas primeiras eleições no concelho da Mealhada.

A mostra, pelas mãos do Arquivo Municipal da Mealhada, que desafiou a população, teve como objetivo «conservar elementos que ainda restam deste momento histórico que foi o 25 de Abril de 1974 – agora digitalizados -, para preservação e memória futura».

 

Mónica Sofia Lopes