O serviço «Porta a Porta» na Mealhada, que faz a recolha seletiva de resíduos valorizáveis, foi tema na última assembleia municipal, com a bancada do Partido Socialista a afirmar que houve um decréscimo das taxas de recolha e a do Movimento Independente «Mais e Melhor» a sublinhar que «a Ersuc – Resíduos Sólidos do Centro – tem muito lucro» com este projeto e a Câmara «um grande défice». A Autarquia assume ser um projeto «caro» e com dificuldades de resposta por escassez de meios. Já os munícipes, numa das redes sociais do Município, lamentam constantemente que a viatura não passe com maior regularidade.

Foi a bancada do PS, concretamente pela voz de Frederico Santos, que o tema foi espoletado. «Nas informações disponibilizadas, vê-se um decréscimo na recolha “Porta a Porta”. Muitos munícipes queixaram-se que em junho não houve sequer recolha», referiu Frederico Santos, questionando «como se resolve o problema» e sugerindo auscultação «aos munícipes para ouvir as reações ao projeto e até mesmo sugestões».

«O “Porta a Porta” foi um projeto do executivo anterior, megalómano, que defendo e é importante, mas que começou ao contrário. Quando chegamos, tínhamos milhares de caixotes e não tínhamos camiões. Já compramos mais camiões do lixo em três anos do que os que foram comprados nos últimos dez», declarou António Jorge Franco, presidente da Autarquia, acrescentando que «não é com um carro que damos a volta ao concelho». «Por outro lado, temos de criar equipas e também não é fácil recrutar pessoas para estas áreas», enfatizou, apelando aos munícipes «paciência» para que «façam a separação e a guardem até o carro passar para a recolha».

O autarca referiu ainda que «foi um ano de muitas situações de rutura de água, que se prendeu com o facto de termos tido muito mais pessoas no concelho, e houve dias em que cancelamos o “Porta a Porta” para ir tratar destas situações».

«A ERSUC tem muito lucro com o “Porta a Porta” na Mealhada e arrisco dizer que, em contrapartida, o défice anual da Autarquia será de cerca de cem mil euros. Renegociar o acordo com a Ersuc é urgente, até porque isto advém de uma posição política que, no meu entendimento, foi péssima», lamentou André Melo, deputado pelo «Mais e Melhor».

António Jorge Franco admitiu que a receita deste projeto é de cerca de trinta mil euros. «Agora veja-se este valor, com os custos que temos com o pessoal, consumo de combustível e uma viatura a andar todos os dias. É muito difícil que isto seja viável. Temos um custo muito grande. Pagamos o “Porta a Porta” de Coimbra e de Aveiro», refutou, referindo-se a um serviço semelhante, prestado pela empresa, nestes dois concelhos. Apesar disso, o autarca garante, contudo, que «têm que ser retiradas muitas e muitas toneladas de resíduos para aterro», uma vez que é isso que faz aumentar as taxas de resíduos.

João Silva, da Junta de Freguesia de Luso, afirmou que «os recursos são sempre finitos. Em 1994, já a Câmara de Oeiras tinha um sistema de recolha porta a porta. As vezes tem de haver custos e investimentos e para as crianças, ter os contentores em casa, faz toda a diferença, porque vão crescer com isto».

Sobre o contentor para sobrantes instalado, recentemente, no Parque de Merendas do Canedo, na freguesia da Pampilhosa, João Silva referiu ser «uma ideia interessante», sugerindo colocação de um em Luso e ainda outro para entulho de obras, «uma vez que o estaleiro municipal tem horário fixo e não funciona ao fim-de-semana».

 

Ersuc renumera recicláveis de acordo com tipologia e quantidade

Ao nosso jornal, quando questionada sobre a operacionalização do projeto e seus custos, a administração da Ersuc informa que o serviço na Mealhada é operacionalizado pelo Município, avançando ainda que «à semelhança do que acontece em outros municípios, a Ersuc renumera os recicláveis recebidos de acordo com a sua tipologia e quantidade, na sequência do protocolo de gestão de recicláveis».

Já no que toca a um serviço semelhante, em concreto nos concelhos de Aveiro e Coimbra, e questionados se o mesmo não tem custos para as referidas Autarquias, a empresa de resíduos responde ser «um projeto piloto iniciado no final de 2023 pela Ersuc, sendo todo operacionalizado sem a intervenção das autarquias na execução no terreno».

 

Texto de Mónica Sofia Lopes

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