Um troço em ruínas na Avenida Quinta da Nora, na cidade da Mealhada, tudo indica que venha ser alvo da construção de um prédio. Na última reunião do executivo camarário, no início deste mês, foi aprovado o acesso à cave do espaço pela Rua das Flores, uma artéria por detrás da construção, anulando assim a entrada pela Quinta da Nora.
«Estamos a falar de um terreno junto à “Metinha”, em que se chegou à conclusão que, ao nível do espaço público, existem ali árvores, que não fazem qualquer sentido serem cortadas e, portanto, o acesso teria que ser alterado nessa fachada. Para facilitar, voltamos a sugerir o acesso pela Rua das Flores», declarou António Jorge Franco, presidente da Câmara da Mealhada, no ponto do «licenciamento de obras particulares», defendendo que «temos de ter mais habitação no nosso concelho, necessitamos de dormidas e de captar pessoas». «Alguém gosta de ver ali ruínas e um lugar ao abandono à entrada da cidade? Sou defensor de retirar tudo aquilo que está velho», acrescentou.
Para os vereadores da oposição, eleitos pelo Partido Socialista, Rui Marqueiro e José Calhoa, a solução passa por «desviar-se a dificuldade», alegando que a travessa «é estreitinha» e que obrigará aos veículos a saírem «de marcha atrás». «Não me parece a melhor solução», enfatizou José Calhoa.
O presidente da Câmara da Mealhada explicou que «um autocarro não vai ao local, mas também não entra na cave». «Tenho pena que aquele espaço esteja ao abandono há tantos anos e, por isso, votarei a favor do acesso pela Travessa das Flores. Quem comprar ali um apartamento entra por trás», refutou.
O autarca colocou duas propostas a votação, a primeira a de se «manter o acesso pela Quinta da Nora a meio do prédio sem colidir com as árvores existentes no passeio», que foi chumbada com os votos contra de António Jorge Franco e Rui Marqueiro e das abstenções de José Calhoa e Sónia Leite. A segunda proposta votada foi a da «aceitação de acesso à Cave pela Rua das Flores», que foi aprovada por maioria com o voto contra de Rui Marqueiro e as abstenções dos restantes vereadores do Partido Socialista.
Já em julho de 2022, o tema tinha sido focado em reunião de Câmara, com uma das técnicas da Autarquia a explicar que «a requalificação da Rua das Flores, com um pequeno alargamento, tem como objetivo fazer uma conexão à Quinta da Nora, com duas ligações pedonais», o que já na altura contou com o voto contra de Rui Marqueiro e a abstenção de Luís Tovim, ambos vereadores do PS, justificando ser um erro «a dispensa de lugares de estacionamento» naquela Avenida. «Está a fazer-se da exceção uma regra», lamentou, na altura.
Mónica Sofia Lopes