Notícia atualizada às 23h00 de 12 de junho de 2024
A Escola Profissional Vasconcellos Lebre, na Mealhada, promoveu uma sessão, aberta à comunidade, sobre o tema «Internet mais segura», que contou com a presença de um inspetor da Polícia Judiciária, na área da criminalidade informática e redes sociais. Os alertas para os quais se deve estar atento e dicas de boas práticas quando se está online foram as premissas do encontro.
Como comportamentos de risco, o inspetor do Departamento de Investigação Criminal de Aveiro, começou por focar o aspeto de um estudo «em que 60% das crianças e jovens admitiram falar com estranhos na internet e divulgar dados pessoais». Mas a esta atitude, juntam-se as burlas já conhecidas do «Olá pai, olá mãe, que diariamente fazem vítimas, com perdas de mil e mil e tal euros». «É preciso ter cuidado com os emails que trazem links. Os bancos não mandam emails e a Polícia Judiciária também não», referiu.
Mas quem são estes cibercriminosos que todos os dias atacam? «São máfias, oriundas de várias partes do mundo e no caso da proveniência ser da Rússia ou Nigéria, por exemplo, não há maneira nenhuma da investigação prosseguir. O dinheiro está perdido», sublinhou o inspetor da PJ dando alguns conselhos no modo como se utilizam smartphones e tablets: «Desativar pré-visualização de mensagens pode prevenir muita coisa no caso de furto ou perda do aparelho. Ao nível das redes sociais, evitar os cliques em links cuja proveniência desconhecemos. Por outro lado, não se deve aceder a redes de wi-fi públicas e não se deve trazer o Bluetooth ligado porque são uma porta de entrada à disponibilização de acessos».
Outro dos temas focados e um dos que mais preocupa os encarregados de educação prende-se com os predadores online, «em que o “modus operandi” passa pela aquisição do contacto, em criar uma relação de confiança, seguida de sedução. A partir daqui entra-se na fase das contrapartidas e posse de fotografias e vídeos, com ameaças, coação e, por vezes, a concretização da agressão física / sexual». «São situações muito perigosas porque os pais estão descansados. O filho está em casa, está no quarto dele, o que de mal pode acontecer?, pensam», interrogou, retoricamente, o inspetor, que garante que o que se deve fazer, desde o início, «é falar abertamente e imediatamente sobre o assunto. Depois é essencial denunciar sempre. Mesmo quando se consegue parar a tempo, devemos pensar que em muitas outras situações aquela pessoa pode conseguir fazer mal».
O inspetor referiu ainda que «as consequências psicológicas do “cyberbulling” são muito mais graves do que as penais» e que, no caso de isto acontecer, devem ser preservados alguns dados, nomeadamente, o URL do perfil na rede social e manter-se todas as conversas. «Não se esqueçam que as fotos não se resgatam da internet e que qualquer pessoa pode estar do outro lado, por isso, o correto é não se aceitar pessoas estranhas nas redes sociais», enfatizou.
Já em outra sessão, realizada na Mealhada e promovida pela Câmara Municipal, em março de 2022, o mesmo inspetor alertou para os jogos online «em que são grupos a jogar contra grupos e onde um predador se pode inserir facilmente até porque há o anonimato de quem participa». «Muitas vezes estamos a falar de crianças de onze anos que estão sozinhas no quarto a falarem com amigos, mas também com desconhecidos e os predadores estão ali no meio a fazer engenharia social até começarem a abordagem. Os pais estão descansados, mas é no quarto que tudo pode acontecer». «O ponto de partida, de pais e filhos, deve ser o de se pensar que sempre que vou à internet tenho consciência de que não há segurança, nem privacidade e assim evitamos muitas situações perigosas», apelou também, nessa ocasião.
Mónica Sofia Lopes