A Câmara da Mealhada assinou, na semana passada, um protocolo de colaboração com as administrações dos portos de Aveiro e da Figueira da Foz para a realização de um estudo que visa a definição do modelo de gestão de uma Plataforma Logística na Pampilhosa. O ato, que aconteceu no decorrer do seminário «Portos de Aveiro e da Figueira da Foz – alavancas da economia regional», foi homologado pelo ministro das Infraestruturas, João Galamba, que, na passada quarta-feira, se deslocou à vila termal do concelho da Mealhada. «Estamos no Luso e isso é importante precisamente porque, hoje, os portos são também terra e expandem-se por todo o território nacional», afirmou.
O protocolo, assinado na semana passada, visa promover a realização de estudo para definir o modelo de Plataforma Logística na Pampilhosa, quanto à sua forma de exploração, gestão e entidade gestora. A partir de agora, as partes envolvidas terão um prazo de seis meses para aprovar o estudo do modelo de definição e, posteriormente, um ano de aprovação relativamente ao desenvolvimento do estudo quanto à sua exploração e gestão. Os custos associados à elaboração dos referidos estudos, segundo a Autarquia da Mealhada, «serão suportados pelas três entidades em partes iguais».
Município e portos defendem a implementação da plataforma logística rodoferroviária da Pampilhosa. «Em boa hora, encontrei, na pessoa do dr. Eduardo Feio – responsável pelos portos de Aveiro e Figueira -, a mesma visão de que a Plataforma Logística na Pampilhosa pode ser crucial no desenvolvimento da região Centro, pela melhoria do acesso ao hinterland natural dos portos de Aveiro e da Figueira da Foz e para a viabilidade da criação de um porto seco», afirmou o presidente da Câmara da Mealhada, António Jorge Franco, apelando a João Galamba que partilhe da mesma visão: «Para a concretizarmos precisamos do apoio do Governo, não só na plataforma e na concretização das obras que já estão em projeto para a Estação da Pampilhosa, mas também para que fique assegurada a ligação rodoviária ao IP3, da Pampilhosa a Souselas, num troço de três quilómetros, que será vital para o sucesso de todo este projeto».
«Quando olhamos para os portos temos sempre uma visão nacional e a certeza de que precisamos de todos, Instituto da Mobilidade e dos Transportes, Infraestruturas de Portugal, universidades, Comissões de Coordenação e Desenvolvimento Regional, de todos», referiu o ministro das Infraestruturas, defendendo que «esta descentralização é uma realidade que pretendemos incentivar». «Um dos grandes avanços do Porto de Leixões é na Guarda», exemplificou, garantindo que «podem contar com o meu entusiasmo e empenho».
No seu discurso, Miguel Cruz, presidente da IP, elencou um conjunto de investimentos da entidade que gere, exemplificando com o IP3, «onde estamos a fazer intervenção entre Santa Comba Dão e Viseu, no valor de 130 milhões de euros, e que depois terá uma outra fase entre Souselas e Santa Comba Dão». «Senhor presidente, estamos disponíveis para discutir e analisar as ligações que falou, mas estes são os investimentos que temos em curso», disse, dirigindo-se ao Autarca da Mealhada.
O responsável pela IP falou ainda «na importância da linha da alta velocidade, entre Porto e Lisboa, para passageiros e que servirá seis estações», garantindo que isto terá «uma relevância extrema na libertação da linha do Norte para o transporte de mercadorias».
Avanço do estudo foi também aprovado, por unanimidade, em reunião de Câmara
Já na passada terça-feira, dia 10 de outubro, o executivo camarário da Mealhada aprovou, por unanimidade, a realização deste estudo.
Sobre o tema, José Calhoa, vereador eleito pelo Partido Socialista, afirmou que «a plataforma rodoferroviária na Pampilhosa tem sido um parto difícil», cujo principal obstáculo «tem sido as Infraestruturas de Portugal. O próprio Governo sempre andou aos ziguezagues e o que a Pampilhosa precisa é de vida industrial e que aquele espaço seja ocupado». «Vamos ver que peso têm agora estes parceiros para a resolução do problema», acrescentou.
O presidente da Câmara da Mealhada explicou que «há grandes investimentos previstos para os portos de Aveiro e da Figueira para receberem outro tipo de mercadorias». Declaração corroborada por Filomena Pinheiro, vice-presidente da Autarquia, que defendeu que «todas as condições estão reunidas…». «O nosso diálogo tem que ser mais abrangente e é o que estamos a fazer, sendo este protocolo um sinal de um conjunto de sinergias para levar o desenvolvimento do país a bom porto», enfatizou a autarca.
O presidente do Município da Mealhada referiu ainda que «uma das lutas é para que haja uma ligação da Pampilhosa ao nó do IP3 de Souselas» e que este facto «faz parte de um conjunto de contrapartidas que apresentamos». «A plataforma da Pampilhosa vai captar o interesse de muitas empresas produtivas», garantiu.
Mónica Sofia Lopes