Meia centena de encarregados de educação de alunos que frequentam a Escola Básica de Vilarinho do Bairro, no concelho de Anadia, manifestaram-se, na manhã da passada sexta-feira, contra a eventual deslocação de dois alunos do Agrupamento de Escolas de Cantanhede para a referida instituição de ensino do município anadiense, depois de alegadamente terem estado envolvidos numa ação de «bullying», grave, sobre outro aluno que inclusivamente terá sido hospitalizado, numa escola em Febres. Os pais defendem uma melhor integração para os ditos jovens, manifestando preocupação perante toda a situação.

«Esta é uma escola pacífica e pequenina que, como qualquer outra, também tem crianças frágeis, que poderão ser um alvo muito fácil para estes alunos», declarou, ao nosso jornal, Ricardo Madureira, encarregado de educação de dois alunos da escola, um com sete e outro com 13 anos de idade. «Para além disso esta escola tem crianças desde o primeiro ano de escolaridade até ao nono, o que faz aumentar a nossa preocupação», referiu, recordando as notícias vindas a público sobre o caso, que dão conta que «a vítima terá sido inclusivamente hospitalizada». «Nem sei se podemos chamar “bullying” a uma situação destas, foi muito mais grave que isso», enfatiza.

Lamentando que esta seja a alegada solução escolhida para os dois jovens, este pai, com quem falamos, garante que a situação se intensifica «quando se permite que os dois – ao que tudo indica irmãos – voltem juntos para outra escola». «Consideramos que, no mínimo, deveriam ser separados, sendo o que o melhor para eles seria com certeza um lugar que lhes permita recuperarem. São muito novos, ainda o conseguem se tudo for feito da maneira certa», remata.

No passado dia 28 de outubro, aquando da manifestação de alguns pais, várias vozes diziam que «os irmãos» tinham estado, no dia anterior, em Vilarinho do Bairro, para conhecerem a escola. Facto que terá acelerado esta movimentação dos encarregados de educação que se juntaram, na manhã de sexta-feira, a partir das 8h30, à porta da instituição de ensino.

Sem respostas concretas e oficiais, os pais ali presentes decidiram redigir um documento onde manifestam discórdia pela alegada vinda destes alunos. «Não temos garantias de que o comportamento seja adequado para com os nossos filhos» e «não há auxiliares suficientes que garantam a vigilância de toda a comunidade escolar» são algumas das frases lidas no documento, onde os pais enfatizam o facto de a escola ter também crianças «de tenra idade», referindo-se às do primeiro ciclo.

O documento, que às 10h00 da passada sexta-feira já tinha cerca de quatro dezenas de assinaturas, será remetido agora a outros encarregados de educação, com a intenção de o subscreverem, para que, durante esta semana, seja remetido à Comissão de Proteção de Crianças e Jovens de Cantanhede, entidade que alegadamente estará com o processo dos jovens, bem como à Direção-Geral dos Estabelecimentos Escolares da região Centro.

O nosso jornal tentou contactar Aníbal Marques, diretor do Agrupamento de Escolas de Anadia, mas foi-nos transmitido, pelo atendimento, que, durante todo o dia de sexta-feira, seria impossível.

Recordamos os nossos leitores que, na passada segunda-feira, também a comunidade de Febres se manifestou em frente à Escola Básica Carlos Oliveira do Agrupamento de Escolas Lima de Faria, em Cantanhede, contra este alegado caso de «bullying», que apelidaram de «gravíssimo», onde, entre outras coisas, pediam «a suspensão para os agressores».

 

Mónica Sofia Lopes