Designou-se de «Espírito Positivo», mas podia carregar um simples «obrigado». Foi aliás, o que pretendeu a iniciativa do Rei dos Leitões, da Caxamar e d’«A Pousadinha» com a operação solidária de distribuição de um milhar de refeições a várias corporações de Norte a Sul do país: «Um agradecimento profundo aos bombeiros por todo o trabalho que fazem».

A ideia surgiu dias antes e daí, até ao início da sua concretização no terreno, foi um passo. Não sendo possível, efetivamente, entregar a todas as corporações do país, foram escolhidas as existentes nas 18 capitais de distrito. Na quarta-feira já a azáfama era grande, mas foi na madrugada desta quinta-feira que os principais ingredientes saltaram para o terreno, onde o restaurante Rei dos Leitões, na Mealhada, foi o centro nevrálgico de toda a operação.

Foi a partir dali que as equipas de colaboradores do Rei dos Leitões e da Caxamar (indústria de bacalhau) cozinharam e prepararam as mil refeições. O primeiro veículo a sair, ao volante de Lídia Ribeiro, teve como destino Beja e Faro. Eram 8 horas e, a partir desse momento, a rota não mais parou, com 12 veículos a circularem por diversos locais, como Porto, Vila Real, Bragança, Guarda, etc. Nada podia falhar para que, à hora do almoço, todas as corporações estipuladas tivessem as respetivas refeições à mesa, onde não faltaram o leitão à Bairrada, o bacalhau à rei e os pastéis de Tentúgal.

Licínia Ferreira e Gonçalo Bastos

«É o tipo de iniciativa que já fazemos com regularidade, mas não tão musculada como a de hoje», começou por explicar, ao «Bairrada Informação», Gonçalo Bastos, administrador da Caxamar, garantindo que não foram pensados custos: «Quisemos proporcionar uma refeição digna e completa com o melhor que as três empresas intervenientes têm».

Também António Paulo Rodrigues, do Rei dos Leitões, enaltece o papel «dos bombeiros voluntários, que dão muito de si, dia após dia» e que, na sua opinião, «muitas vezes são esquecidos». «Fala-se muito, e bem, no papel dos médicos, dos enfermeiros e dos doentes, que estão horas em filas nos hospitais dentro das ambulâncias, mas esquece-se de quem lá está com eles», sublinha o empresário, que nesta fase da pandemia considera ser o «momento chave para se dizer “obrigado”».

Para além das corporações existentes nas capitais de distrito, as iguarias chegaram também às da região onde estão instaladas as empresas dos mentores da iniciativa, nomeadamente, Mealhada, Pampilhosa, Anadia, Cantanhede, Condeixa, Caxarias, Ourém, Fátima e Leiria. «Este tipo de ações significa alento para as corporações, por parte da população, neste caso concreto de empresários. Significa que não somos só lembrados na desgraça», enaltece Bruno Almeida, comandante dos Bombeiros de Anadia, que elogia a iniciativa, numa altura em que «estamos conscientes das dificuldades pelas quais todas as pessoas, inclusivamente as empresas, estão a passar».

Declaração corroborada por Fernando Abrantes, dos Bombeiros da Pampilhosa, que fala também «em alento para com os operacionais que estão sempre prontos para o que der e vier». «Fundamentalmente é um gesto de grande carinho para com as associações, que tal como a nossa, estão na linha da frente», remata.

No final, os empresários garantem que outra operação idêntica, com a distribuição do mesmo número de refeições, está a ser preparada para breve.

 

Texto de Mónica Sofia Lopes

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