A pandemia «travou» a comemoração que a instituição desejava, mas não impediu «dona Mabília» de assinalar o seu centenário, na passada terça-feira, 15 de dezembro. Um bolo, um vídeo e uma decoração à maneira, tornaram diferente o dia na Associação Desportiva Cultural e Recreativa de Antes. Do lado de fora, na altura em que se cantaram os parabéns e sopraram as velas, estiveram familiares, num momento emotivo para quem dele fez parte.

Há nove anos que a Instituição Particular de Solidariedade Social não festejava o centenário de um(a) utente. «Dona Mabília», natural da freguesia de Casal Comba, concelho da Mealhada, está na Estrutura Residencial Para Idosos, na Antes, há 15 anos, onde é conhecida por «Papoilinha». Muito antes disso, trabalhou sempre no campo. Também no Brasil, onde viveu alguns anos, teve um pequeno comércio.

«A “dona Mabília” escolheu, de livre e espontânea vontade, esta instituição como a sua segunda casa. Neste dia, tal como ela sempre diz “está na hora, está na hora”, de lhe agradecermos a sua alegre companhia ao longo desta grande caminhada.  As qualidades pessoais que lhe são próprias, são motivo de muita alegria, boa disposição e sorrisos de todos nós que pertencemos a esta coletividade institucional», lê-se numa nota enviada pela ADCRA, que elogia: «Temos muita sorte por estar aqui consigo hoje e por fazermos parte desta data especial».

Um dia diferente que contou com um bolo, o cantar dos parabéns e nem o distanciamento físico tirou o fôlego à aniversariante que ajudou a apagar as velas dos 100 anos. «Estamos num ano atípico. Não era assim que queríamos festejar», confessa Maria do Céu Almeida, diretora técnica da ERPI, que explica que «a família mais próxima da “dona Mabília” reside toda no Brasil». «A filha costuma vir duas, três vezes por ano, mas este ano não conseguiu vir nenhuma vez. Estiveram cá, do outro lado da janela, os sobrinhos», disse.

Cidália Tovim foi uma delas. «A minha tia foi uma pessoa fora do comum a vida toda. Sempre muito saudável e bem-disposta», elogiou a sobrinha da «dona Mabília», lamentando que «a vida não lhe tenha sido fácil»: «Viu partir dois filhos, um neto e o marido e mesmo assim teve sempre forças para continuar. É uma grande mulher!».

O dia de terça-feira foi cheio de surpresas, onde nem a Junta de Freguesia de Casal Comba deixou de assinalar a data, fazendo chegar à instituição lembranças para a aniversariante, assim como um ramo de flores. «A prudência do Lar é louvável e só prova que amam os seus utentes de verdade! Ontem, a festa foi como podia ser. Lá nos passaram um pedaço de bolo pela greta da janela e foi tudo espetacular! Não lhe podemos tocar, nem abraçar, mas vimo-la, e bem, e isso é o que nos importa!».

«Este ano as coisas são assim. A 4 de setembro a instituição fez 25 anos e também não conseguimos exteriorizar a nossa alegria por passarmos este momento. Agora volta a acontecer com o centenário da “dona Mabília”», referiu ainda a diretora técnica da ERPI, garantindo que a pandemia cria «alguma ansiedade e preocupação diárias». «O nosso dia-a-dia é andarmos com o coração nas mãos, cientes, contudo, de que estamos a fazer o nosso melhor», disse Maria do Céu Almeida, expectante com o dia da reabertura do Centro de Dia. «Com esforço financeiro, fizemos alterações e aguardamos a visita da Segurança Social e da Autoridade de Saúde para podermos reabrir», concluiu ao nosso jornal.

 

Texto de Mónica Sofia Lopes

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