Preocupadas com o decréscimo de vendas nos últimos meses, e depois de um ano difícil, que obrigou o comércio a encerrar portas, um grupo de empresárias, gerentes de estabelecimentos comerciais na vila do Luso, no concelho da Mealhada, juntou-se para apelar aos clientes e à população em geral para que comprem no comércio local e, assim, não o deixem a morrer. Garantem, antes de qualquer outra coisa, que todas as medidas de higiene e segurança estão a ser cumpridas, alertando para o facto de que «se os clientes não aparecerem, teremos de fechar portas e isso não é bom para ninguém!».

Depois de um início de ano atribulado, com o encerramento dos negócios durante algumas semanas, e de um verão que, apesar de tudo, «encheu» de turistas as ruas do Luso, os meses mais recentes, e com o crescimento da pandemia a evoluir para números nunca antes registados, as comerciantes com quem falámos estão preocupadas com a falta de clientes. «Se no ano passado vendíamos 100 euros, hoje vendemos 25», começa nos dizer Carla Azevedo, da «Ama.te», garantindo que «o Natal é sempre o pico, o equilíbrio do ano». «Se a pensar nessa época não temos clientes, então temos todos que estar bastante preocupados», enfatiza a gerente da loja de artigos de vestuário, calçado e bijuteria, apelando aos munícipes para que «não gastem 100% do que têm previsto nas superfícies comerciais. Desse valor, gastem 20% nas nossas lojas. Não deixem o comércio tradicional morrer!».

Cátia Pereira, da Bella Luy, garante que «os clientes cada vez se retraem mais» e o pouco que consomem é mais pelo serviço de «take-away». Para esta empreendedora, as normas estão todas a ser cumpridas, considerando ser este o fator primordial para que os clientes optem pelo comércio local. «Só assim nos ajudamos uns aos outros», enfatiza.

Sem baixar os braços também Liliane Costa, da Art & Style, fala num «reinventar» do estabelecimento que dirige. «O nosso suporte de vendas era presencial e depois de tudo isto tivemos que começar a trabalhar de outras formas para conseguirmos manter o negócio de pé. Estamos a tentar trabalhar muito online», explica a jovem, apelando à compra no comércio lusense: «Estamos numa vila termal lindíssima, com grandes potencialidades e comércios muito bonitos, que também fazem parte da economia do país. As pessoas têm que pensar em comprar mais nos nossos negócios porque só desta forma nos ajudam a salvar os postos de trabalho».

Na Casca de Nós, uma oferta de produtos frescos que abriu em plena pandemia no Mercado do Luso, «reinvenção» é também palavra de ordem, onde depressa se percebeu que se os clientes não vinham à loja, «então somos nós que vamos às suas casas». «Criámos três cabazes – misto (com frutas e legumes), de fruta e de legumes – e adaptamos o nosso negócio à distância, explicam a gerente Carla Azevedo e a funcionária Margarida Oliveira, destacando a inovação de também venderem a granel. «O nosso maior desafio é que o cliente venha e não tenha medo. As regras são todas cumpridas: os clientes são obrigados a entrar de máscara, têm que cumprir o distanciamento social e desinfectarem as mãos à entrada e saída do estabelecimento. Para além disso, os nossos produtos são de fornecedores e agricultores locais e têm muita qualidade!», garantem.

Já Teresa Várzeas, da Florális, está prestes abrir portas de um novo espaço. «Tinha uma loja mais pequenina e decidi agora dar um novo passo e tentar que as coisas funcionem de outra forma. Preocupa-me muito estar a arriscar nesta fase, mas tenho que acreditar que as pessoas vão procurar o comércio local», refere a empresária, afiançando que as lojas no Luso existem «para servir os clientes, manter os postos de trabalho e também fazer com que a economia comece a melhorar».

 

Texto de Mónica Sofia Lopes

Fotografia de José Moura