As obras, levadas a cabo pelo Município da Mealhada, no Bairro Social da Póvoa da Mealhada foram alvo de alguma celeuma nas redes sociais, depois de a Autarquia ter tornado público, através de uma informação municipal, o início dos trabalhos. O tema foi também abordado na última reunião do executivo depois da oposição ter colocado algumas questões.

O comunicado de imprensa, remetido aos jornais a 13 de outubro, explicava vários pormenores da obra, nomeadamente, quanto ao número de frações intervencionadas – 14 -, assim como quanto ao plano de trabalho que «prevê uma intervenção em três fases, por forma a minimizar os inconvenientes às famílias residentes, estando, inclusive, previsto o realojamento de alguns inquilinos em apartamentos disponíveis no mesmo bairro».

A empreitada, que já começou, tem a duração de um ano, custará 499.740,45 euros (valor acrescido de IVA), conta com o apoio de fundos comunitários e incide no interior das frações, na cobertura e nas fachadas, com aplicação do sistema ETICS (vulgo cappotto), substituição de janelas e aplicação de painéis solares.

Na reunião do executivo municipal, que se realizou no passado dia 19 de Outubro, Sónia Branquinho, da coligação «Juntos pelo Concelho da Mealhada», desencadeou o assunto, alegando não se recordar deste «ter vindo a discussão» em reuniões anteriores, questionando, nomeadamente, «se algum morador necessita de realojamento» e qual «a duração da obra».

Rui Marqueiro, presidente da Câmara da Mealhada, explicou que «o Bairro Social da Póvoa foi construído em 1982 (com atribuição das habitações a partir de 1983), no âmbito das políticas públicas de habitação, promovidas pela Administração Central (com parceria com os municípios), através do extinto Instituto Nacional da Habitação». «Num determinado momento nessa altura, o Governo decretou vender algumas frações. O Município detém 14 frações e depois há sete ou oito privadas», referiu o autarca, adiantando que o prédio tem apartamentos vagos e que, por isso, os moradores dos apartamentos intervencionados «vão mudando mediante as necessidades».

Sobre a polémica nas redes sociais de que há inquilinos sem necessidades a usufruírem do regime e pelo facto das partes comuns do prédio serem também intervencionadas, existindo lá moradores privados, Nuno Canilho, vereador com o pelouro da Ação Social, lamentou o que foi lendo nos últimos dias. «As pessoas chegaram a um estado de alma que até dos pobres têm inveja! É ultrajante o que dizem dos nossos inquilinos», lamentou, recordando que o loteamento, apesar das frações privadas, «não deixa de ser um prédio social», tendo a recente obra «o aval dos fundos comunitários».

Rui Marqueiro também manifestou descontentamento pelo facto «das redes sociais estarem cheias de veneno» e a vereadora Arminda Martins garantiu que «o assunto foi amplamente discutido, no final do outro mandato ou no início deste». Declaração contrariada por Sónia Branquinho que garantiu que «neste mandato não foi!».

Recordamos os nossos leitores que os interessados em terem acesso a um fogo municipal em regime de arrendamento apoiado têm de se inscrever no Sector de Ação Social. As casas são atribuídas mediante concurso, nos termos estabelecidos no Regulamento Municipal de Atribuição e Gestão de Habitação Social em Regime de Arrendamento Apoiado, ou podem ser acedidas se a Câmara proceder ao realojamento de famílias em regime excecional.

 

Mónica Sofia Lopes