Estudei no colégio de Famalicão.

Esqueçam os livros da Enyd Blyton e das gémeas no Colégio de Santa Clara. Elas lá, no mundo da ficção, juntavam-se nos intervalos para jogar lacrosse. Nós, no mundo real onde se arriscam castigos, juntavamo-nos para ir explorar os cantos do Colégio que eram vedados às alunas e derreter a paciência da Irmã mais velhinha do planeta Terra.

Um dia, o fotógrafo foi à escola e deu a instrução aos alunos: “Venham junto do mapa da Peninsula Ibérica, escolham uma região e apontem com esta vara”.

Quase todos os alunos apontaram para a Beira Litoral, como é natural. Eu não, eu apontei para… Espanha. Ainda hoje não sei por que motivo fiz uma coisa destas, mas suspeito que terá sido porque coincidiu com a primeira vez que provei paella. Anda um país a criar uma pessoa a leitão, cozido e caldo verde para isto.

No liceu era boa aluna, apesar de já ser loura. Mas detestava educação física. Sempre achei que era uma disciplina “a brincar”. Não dá para levar a sério uma disciplina que se pode ficar só a assistir se “estiver com o período”.

Agora imaginem que esta “dispensa por motivos femininos” acontecia nas aulas de Matemática?

– Catarina, venha ao quadro resolver a equação.

– Ai sabe setora é que… eu… estou com o período.

– Ah… então fique aí só a assitir e entretanto vá tentando achar o X.

– O X não sei, mas o OB sei onde está!

 

E nas aulas de educação visual e artes seria qualquer coisa como:

“Hoje vamos estudar Picasso, que compreendia totalmente os anúncios publicitários a pensos higiénicos porque ele também teve o período azul”.

 

 

Catarina Matos

Mealhadense emigrada na Alemanha

Humorista e atriz