A modalidade do pickleball – que alia o ténis, o badminton e o ping-pong – está a crescer, exponencialmente, no mundo e a dar passos largos em Portugal. Na região Centro, a modalidade progride agora também a partir da Urbanização Alto de Santo António, na Pampilhosa, no concelho da Mealhada, onde um grupo de vizinhos, que praticamente não se conhecia, começaram a praticar o mesmo desporto, dando lugar assim a uma nova associação no município mealhadense. O Pickleball Clube da Pampilhosa foi registado no passado mês de setembro e os primeiros órgãos sociais tomaram posse a 22 de outubro.

Vasco Martins é o presidente da direção do Pickleball Clube da Pampilhosa e o responsável por fazer chegar a modalidade à região, depois de um primeiro contacto com a mesma, no Algarve, há cerca de um ano. «O engraçado deste desporto é que aprendemos as regras em quinze minutos e começamos logo a jogar, o que nos estimula muito», desvenda, acrescentando que «de regresso à Pampilhosa, tentei arranjar um campo para jogar e apercebi-me que não havia nada na região Centro. Como tínhamos aqui este polidesportivo na urbanização, que estava subaproveitado, pedi à Câmara que pintasse parte dele com as linhas do pickleball, o que aconteceu em fevereiro passado, mesmo que já antes tivéssemos demarcado com giz».

Com dois campos delineados e a aquisição do equipamento (nomeadamente redes portáteis, bolas e raquetes), que Vasco Martins garante «serem de custo muito acessível», o praticante começou por desafiar a mulher e os filhos a jogarem com ele, fazendo crescer a curiosidade na vizinhança. «De repente, vizinhos que nem se conheciam, geraram aqui uma comunidade à volta deste desporto e até já organizamos patuscadas. Neste momento, estes dois campos já não chegam para o número de praticantes e vamos delimitar o resto do espaço com mais», desvenda o responsável por trazer a modalidade para o concelho da Mealhada, que enaltece o facto de ser «um desporto muito inclusivo, que é jogado por pessoas de todas as idades. Aqui o atleta mais novo tem dez anos e a mais velha cerca de 60. É efetivamente um desporto para toda a família».

Aos campos da Pampilhosa, com vista para a Mata Nacional do Bussaco, e onde jogam com regularidade cerca de vinte atletas, já vêm pessoas de fora, nomeadamente de Aveiro, da Figueira da Foz e até do estrangeiro. «Como registámos o nosso clube nas plataformas digitais, as pessoas procuram e agendam. Na semana passada tivemos aqui um casal do Norte, que se encontrava em Coimbra em trabalho, e também já tivemos um senhor dos Estados Unidos, que estava de férias na Figueira da Foz e veio aqui treinar», afiança Vasco Martins, explicando tratar-se «de uma grande comunidade mundial. Nós do Clube da Pampilhosa, agora quando vamos de férias, também já tentamos ver onde há um campo de pickleball para podermos ir treinar».

Nos dois campos da Pampilhosa, a Primavera e o Verão foram fortes no que toca à utilização, principalmente, aos inícios da manhã e nos finais do dia, onde diariamente, até às 22h00, se ouviam as raquetes do pickleball. Chegadas as primeiras chuvas e o horário de inverno, o espaço carece de iluminação ou de uma cobertura. «Precisávamos muito de instalações indoor», diz o presidente da direção do clube, que garante que a intenção é fazer crescer a modalidade no concelho da Mealhada e poder trazer para o município duas provas de circuitos nacionais, até porque o Clube da Pampilhosa «tem tido vários atletas medalhados e subidas ao pódio, em torneios nacionais».

 

Oriundo da América, pickleball cresce exponencialmente em todo o mundo

«Os campos mais próximos da Mealhada são em Lavos (Figueira da Foz), Leiria e Vila Nova de Gaia. Agora, desde a semana passada, Coimbra também já tem», destacou o dirigente Vasco Martins, garantindo que o pickleball «é jogado por 50 milhões de praticantes no mundo. O ritmo de crescimento é enorme e já ultrapassa o padel, que foi outro desporto com crescimento exponencial».

«A modalidade teve origem nos Estados Unidos da América, onde atualmente existem trinta milhões de praticantes regulares, e surgiu em Portugal precisamente com a vinda de americanos, especialmente nas zonas do Algarve e de Cascais (Lisboa)», explica o presidente da direção do clube da Pampilhosa, que estima que, no nosso país, já sejam «entre 500 a 800 praticantes regulares». «Espanha já tem mais de vinte mil praticantes e há lá eventos todos os fins-de-semana. Depressa se percebeu a forte componente turística que o pickleball pode ter», enfatiza, explicando que «a facilidade com que se começa a jogar e a ter resultados, que passa muito pela consistência em não falhar, faz com que o jogador tenha sempre vontade de voltar no dia seguinte».

«Por cada court de ténis podem ser feitos quatro campos de pickleball e quem joga esta modalidade fá-lo de manhã à noite», enfatiza Vasco Martins, que dá o exemplo: «Quando venho jogar faço-o durante três horas seguidas. Isto fez-me perder 25 kg desde fevereiro e levou-me a deixar de fumar e a ter cuidados com a alimentação».

 

Mónica Sofia Lopes