A bancada do PSD na Assembleia Municipal de Anadia mostrou-se, ontem, preocupada com a obra de reabilitação no rio Cértima, principalmente no que toca ao corte de troncos, avançando que «a terra está a ficar solta». A Autarquia explicou que «o reaproveitamento da madeira serve para estacaria e outras proteções das margens», mas alerta que «a fiscalização (nestas situações) cabe a todos os deputados».
«Junto à Ponte do Casal vejo a cortarem troncos e máquinas a carregá-los. Estacaria não vejo nenhuma e a terra está a ficar solta. Tenho fotografias que o comprovam», referiu, levantando o telemóvel, o deputado social-democrata César Andrade, alertando que «a obra deveria ser melhor acompanhada».
Maria Teresa Cardoso, presidente da Câmara de Anadia, recordou que a requalificação surge do aproveitamento de fundos numa parceria protocolada entre os Municípios de Anadia e da Mealhada e a APA. «Não nos podemos esquecer que as margens dos rios são da responsabilidade dos proprietários dos terrenos (à volta) e, segundo a Lei da Água, ainda um pedaço do rio», disse a edil, afirmando também que «a primeira entidade a fiscalizar é a Agência Portuguesa do Ambiente e todos podemos alertar para as situações». Palavras corroboradas pelo presidente da assembleia municipal, Manuel Pinho, que enfatizou que «todos, nesta assembleia, somos responsáveis por fiscalizar estas matérias».
A autarca explicou ainda que «não há corte de árvores nas margens» e que «há reaproveitamento de madeira para estacaria e outras proteções das margens», admitindo, contudo, que «a obra só será rececionada (no final), se houver condições para tal».
Recordamos que foi, no final de 2024, que os Municípios de Anadia e da Mealhada celebraram um protocolo de colaboração financeira com a APA para a reabilitação e valorização do Rio Cértima, nos respetivos concelhos, numa extensão total aproximada de 32 quilómetros. A empreitada tem um custo global de 423.788,00 euros e tinha – no final de novembro – um prazo de execução de quatro meses. No concelho de Anadia a intervenção realiza-se numa extensão de cerca de 14,5 quilómetros, entre os limites sul e norte do concelho, enquanto que, no concelho da Mealhada, é de cerca de 17,5 quilómetros.
«A intervenção visa essencialmente garantir o escoamento nas linhas de água e recuperar a conetividade fluvial; estabilizar e minimizar o impacto da erosão nos taludes marginais; recuperar a galeria ribeirinha e os habitats naturais e biodiversidade associados; e sensibilizar e aumentar a literacia da comunidade local para a importância da conservação dos sistemas fluviais», lê-se num comunicado do Município de Anadia, aquando da assinatura do protocolo.
Texto de Mónica Sofia Lopes
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