«Nos carris da Tradição, Imperatriz viaja com emoção», «Astral. Um destino escrito nas estrelas», «Bang! Bang! Onde os fracos não têm vez. Uma história do faroeste» e «A Coroa» são os enredos que desfilarão nos três corsos do Carnaval Luso Brasileiro da Bairrada. As escolas estão nos últimos preparativos e, ao nosso jornal, levantam um bocadinho do «véu» do que se poderá ver na avenida.
Os Amigos da Tijuca, sediados na cidade da Mealhada, levarão para a avenida «A Coroa», um enredo à volta da «coroa britânica», dos seus costumes e tradições, «numa perspetiva mais leve». «Vamos focar-nos no percurso da Rainha Isabel II, retratando assim o que é um rei da coroa britânica, com a comissão de frente a retratar a ambição que existe em as pessoas conheceram mais sobre o tema, acabando no carro com o Jubileu de Platina de Isabel II», destaca Tomás Sancho, carnavalesco da escola que «nasceu» no concelho vizinho de Cantanhede, e que, este ano, leva perto de 150 elementos em desfile. «Julgo que das quatro escolas somos os que temos mais elementos de fora do concelho, principalmente de Cantanhede, Mira, Coimbra e também de Anadia. Mesmo do município da Mealhada, temos muitos desfilantes de outras freguesias: Barcouço, Casal Comba e Luso», afirma Patrícia Pinto, presidente da direção, admitindo que, apesar do enredo estar definido desde junho, «só iniciamos verdadeiramente o Carnaval, depois de ultrapassado o impasse na ACB (as últimas eleições aconteceram a 26 de dezembro), uma vez que não íamos investir em compras antecipadas».
«Temos um projeto ambicioso, que está a ser cumprido e cuja qualidade obviamente será mantida. Este ano, montámos uma equipa de trabalho como nunca tivemos e estamos há cerca de um mês num ritmo de exaustão», enfatiza a dirigente dos Amigos da Tijuca.
«Bang! Bang! Onde os fracos não têm vez. Uma história do faroeste» conta a história «de um fora da lei, que quer levar a cabo o último grande assalto, acabando por ter de fugir pelo Velho Oeste Faroeste perfazendo um conjunto de peripécias», explica Bruno Capão Oliveira, enredista dos Sócios da Mangueira, que acrescenta que o tema da escola, com sede provisória na Antes, passará «por diferentes sítios, pessoas e contextos, nomeadamente, por uma manada de vacas, pelos“cowboys” e até cobras e índios». «É uma história com muita ação sobre alguém que perde os pais para a criminalidade e vê a justiça falhar», enfatiza, desvendando que não faltará «o “cliché” de quem volta ao local do crime».
A escola levará em desfile 170 elementos e o maior desafio, este ano, «foi fazer com que as pessoas olhassem para as fantasias e percebessem o que estamos a tratar e a transmitir», confessa o carnavalesco Pedro Breda, que tem recebido um «feedback» muito positivo.
O Grémio Recreativo Escola de Samba Batuque, da Mealhada, levará para a avenida o enredo «Astral. Um destino escrito nas estrelas». «Vamos abordar um bocadinho da envolvência da astrologia na nossa vida, principalmente o que estamos destinados a ser à nascença, o que somos e o que nos está predestinado para o futuro», conta a carnavalesca Maria Aparício, afirmando que «o enredo surgiu no final do Carnaval do ano passado ao ver o desfile da “Imperatriz Lapoldinense” do Brasil», acreditando este elemento «que tudo acontece por uma razão». «Vamos explorar a ligação do homem com o céu, os astros e as estrelas, explorar o significado do mapa astral e falar também da nossa estrela maior, o sol, e do satélite lua. Explorar um bocadinho da nossa essência, do destino e de nós mesmos», enfatiza.
O Batuque desfilará com 205 elementos: 161 desfilantes e 44 pessoas no staff. «Maioritariamente pessoas daqui, mas também temos quem faça 40 minutos de carro para vir aos ensaios e quem desfile oriundo de Lisboa e do Porto e até um elemento que vai no carro e vem de França», remata Maria Aparício.
Da freguesia de Casal Comba, a Real Imperatriz desfilará com o tema «Nos carris da Tradição, Imperatriz viaja com emoção», que se baseia na obra de José Saramago «Viagem a Portugal». «Vai levar-nos por várias localidades e elementos muito típicos da nossa cultura», destaca Patrícia Tovim, elemento da comissão de gestão para o Carnaval de 2025, corroborada por Ranny Passos, da comissão de carnavalescos, que garante que se irá «embarcar numa viagem percorrendo vários sítios do país, com destaque para as tradições antigas». Oriunda do Brasil, esta carnavalesca da escola, enaltece «o trabalho de pesquisa»: «Estou cada vez mais maravilhada. Não sabia que havia tanta riqueza na cultura deste país. Conhecemos cada bocadinho, sem sequer lá ir».
Serão 195 elementos a desfilar pela Real Imperatriz «e os pedidos continuaram a chegar à escola até à semana passada. Temos pessoas de Aveiro, Oliveira do Bairro e muitas de Coimbra, que se dedicam a sério e passam aqui a noites e noites a trabalhar. Tudo por amor e gosto», enfatiza Patrícia Tovim. Já Ranny Passos assume que «a escola está viva e a evoluir cada vez mais. A sede está sempre cheia e com rostos novos». «Mesmo entre escolas de samba criou-se um espírito de união e de entreajuda que julgo que nunca tenha havido», remata Patrícia Tovim.
Victor Ferreira, presidente da direção da Associação do Carnaval da Bairrada, anseia «pelo segundo em que a primeira escola pise a avenida no próximo domingo. Será o momento-chave e representará o sucesso do trabalho realizado até aqui». «As escolas de samba são o diamante em bruto deste evento. Sem elas, nada existiria e devemos todos dar-lhes o devido valor pelas horas de trabalho e dores de cabeça, que acabam sempre apoteose de choro, arrepios, risos e abraços», congratula o dirigente.
Mónica Sofia Lopes