O despiste de um veículo, na noite da passada segunda-feira, 3 de fevereiro, na Rua de Santa Marinha, na Pampilhosa, concelho da Mealhada, que atingiu três carros estacionados, voltou a alarmar os moradores, que se dizem cansados das mazelas deixadas nas viaturas há anos, alegando que, algumas vezes, resultam em avultada destruição, como a que aconteceu neste dia. O condutor da viatura despistada, com 24 anos, foi detido por acusar uma taxa de alcoolemia superior à permitida por lei.

Os moradores da Rua de Santa Marinha não ganharam para o susto, quando cerca das 23h15, da passada segunda-feira, ouviram um «aparatoso estrondo» vindo da rua. Um veículo ter-se-á despistado, embatendo em três viaturas estacionadas, cuja destruição é visível em imagens enviadas ao nosso jornal. «O condutor do veículo, que se despistou, danificou três viaturas e a dele também e, na chegada da GNR ao local, foi feito o teste de alcoolémia, tendo acusado uma taxa superior a 1,2», referiu, ao nosso jornal, o major Victor Ribeiro, Oficial de Relações Públicas do Comando Territorial da GNR de Aveiro.

Numa nota, remetida aos jornais, um dos moradores explica que «a Rua de Santa Marinha tem sido palco de inúmeros acidentes, nas últimas décadas. Já perdemos a conta ao número de veículos destruídos em despistes semelhantes e tememos que, mais cedo ou mais tarde, a situação resulte numa tragédia maior, com envolvimento de vidas humanas».

José Machado Lopes, residente na rua e que há cerca de um ano alertou, em sessão pública, o Município da Mealhada, para este problema, referindo existir uma petição datada de 2005, mas que não resultou em nenhuma providência, lamentando agora, ao nosso jornal, que este seja já «o quinto acidente aparatoso em dez anos». «A rua é estreita, de sentido único, tem cinco metros de largura e os carros chegam a estacionar no passeio para fugir o mais que podem a este tipo de situações, que normalmente resultam em espelhos partidos e carros riscados», afiança o morador, garantindo que, diariamente, das 17h00 às 19h00, passam por ali «centenas de carros». «Um dia por semana tenho de aguardar por um familiar, dentro do carro, e já cheguei a contar, em cinco minutos, 50 veículos e três autocarros, acontecendo, muitas vezes, irem em excesso velocidade, numa rua em que temos mais de uma dezena de casais e sete crianças só a residir», enfatiza.

O morador, que já viu um carro seu ir para a sucata nesta circunstância e o muro de sua casa ser abalroado, diz que os residentes da Rua de Santa Marinha lutam para que «sejam colocadas duas passagens elevadas, mas elevadas mesmo, uma no início da subida e outra a meio da rua, na tentativa de prevenir que isto volte a acontecer».

Os moradores do bairro de Santa Marinha dizem-se «esquecidos e indignados» com a falta de medidas de segurança, garantindo que, ao longo dos anos, fizeram «várias denúncias junto da Câmara e das autoridades», mas que «nenhuma ação foi tomada». «Pelo contrário, referem que a única lomba existente no local foi removida há cerca de dois anos sem qualquer explicação», afirma outro morador.

Em comunicado, o presidente da Câmara da Mealhada, António Jorge Franco, «repudia a conduta e lamenta que, um conjunto de comportamentos de risco por parte do condutor, tenha aterrorizado os moradores e atentado à segurança». «A Câmara e Junta de Freguesia de Pampilhosa têm em mãos um plano de segurança para as principais vias daquela freguesia, no sentido de dotar de dispositivos de redução de velocidade (almofadas redutoras de velocidade) em alguns pontos negros rodoviários», afirma.

No documento municipal, lê-se ainda que «a Autarquia apurou junto dos serviços e forças de segurança que naquela rua, nos últimos anos, foram reportados às autoridades dois acidentes de viação (o de ontem e outro no decorrer de 2022)».

 

Texto de Mónica Sofia Lopes

Fotografias com Direitos Reservados