Victor Ferreira é o novo presidente da direção da Associação do Carnaval da Bairrada. A eleição aconteceu na noite da passada quinta-feira, 26 de dezembro, tendo a única lista candidata arrecadado 104 votos favoráveis, sete contra, três brancos e um nulo. Para o novo dirigente «só a união fará as diferenças se desvanecerem»; já para o presidente cessante, Fernando Marques, que esteve no cargo menos de dois meses, «a alteração dos estatutos – até então muito debatida pelas escolas e transportada em consecutivas atas, segundo o mesmo – passou a ser um problema incontornável para as escolas».

Num ato eleitoral onde estiveram mais de uma centena de pessoas, Victor Ferreira foi eleito, e seguidamente empossado, presidente da direção da ACB, tendo consigo na vice-presidência Ana Novais, como tesoureiro Márcio de Freixo e como secretária Celina Gomes. No órgão estão ainda os vogais Ricardo Ferreira, Carlos Louro e Thomas Oliveira; e como suplentes Emílio Ferreira, Andreia Rosa, Margarida de Oliveira, Patrícia Pinto e Pedro Castela (os últimos dirigentes das quatro escolas de samba que desfilam no Carnaval Luso Brasileiro da Bairrada).

No conselho fiscal, o presidente é Licínio Antunes, o vice-presidente Telmo da Costa e Sousa, Rita de Melo a secretária e Susana Galante suplente. Já a assembleia-geral é presidida por João Paulo Veiga; Carla Carvalheira e Pedro Fonte são os secretários; e Luís Rochinha o suplente.

«Estamos a dar início a um novo capítulo em que o que queremos é a união, porque só isso fará com que as diferenças se desvaneçam», referiu o empossado presidente da direção, acrescentando que «o Carnaval de 2025 é a nossa grande meta» e desejando que seja uma celebração «vibrante». «O Carnaval da Mealhada é de todos e para todos», enfatizou. Palavras corroboradas por João Paulo Veiga, presidente da mesa da assembleia-geral, que agradeceu «o voto depositado», garantindo que os novos eleitos «estão aqui para organizar o Carnaval da Mealhada, contando com a ajuda do Município».

Antes do ato eleitoral, Fernando Gonçalves, presidente da direção cessante, fez uma resenha de como encontraram a ACB e das primeiras diligências que foram realizadas, nomeadamente, no que toca a alteração dos estatutos, com enfoque para a intenção de mudança do ano económico da associação, de 1 de junho a 31 de maio de cada ano para 1 de janeiro a 31 de dezembro do ano civil; e «classificar os sócios, para pagamento de quotas e, assim, ficarem em pleno gozo dos seus direitos». «Neste momento, a ACB não tem qualquer registo disso, o que, em nosso entendimento, faz com que “não exista”. Podemos estar errados, mas entendemos que nada do que tem sido feito até aqui, tem qualquer validade jurídica, incluindo a nossa eleição», referiu, acrescentando que com as alterações aos estatutos, havia a intenção de transportar a associação para «o regime de contabilidade organizada; e enquadramento no regime geral de IVA e de IRC».

«Até aqui, as faturas que têm sido passadas são todas na base de donativos, o que não nos parece correto, uma vez que dizem respeito a aluguer de espaços a feirantes e a prestação de serviços de publicidade, logo sujeitos a liquidação de IVA. Não sabemos, inclusivamente, se as entradas no recinto do espetáculo não estão sujeitas à liquidação de IVA, mas isso seria assunto para um posterior pedido de informação vinculativa», disse ainda, rematando «não ser aceitável que uma associação com tantos anos e que recebe dinheiro dos contribuintes, não tenha uma gestão transparente e organizada».

Hugo Rodrigues, vice-presidente cessante do conselho fiscal, fez alguns alertas, alertando, entre outras coisas, para o facto «de em 2019, os ativos da ACB ascenderem a 39 mil euros e, neste momento, não existir qualquer ativo».

 

Edilidade defende «contabilidade organizada»

O assunto Carnaval tinha sido focado, na última reunião camarária, da passada segunda-feira, com Rui Marqueiro, vereador eleito pelo Partido Socialista, e António Jorge Franco, presidente da Câmara da Mealhada, a defenderem «contabilidade organizada» para a associação.

«Já tinha aqui sugerido fazer-se uma auditoria e acabar com “o diz que disse”, fazendo-se prova do que está bem ou não está, caso contrário, isto vai sempre continuar», refutou o socialista Marqueiro, recordando que a ACB «já teve contabilidade organizada».

Palavras corroboradas pelo presidente da Câmara da Mealhada, que afirmou que «o caminho deve ser o da contabilidade organizada. Tem que se dar seriedade ao Carnaval». «Dia 26 irá haver uma nova direção e quero acreditar que “há males que vêm por bem” e que venha uma gestão que possa dar tranquilidade ao Carnaval», acrescentou.

Palavras lamentadas na última assembleia-geral da ACB, pelo presidente da mesa da assembleia-geral cessante, e explicadas por António Jorge Franco, presente na sessão, que justificou a expressão com o número de pessoas presentes na assembleia. «Olhar para esta sala e vê-la cheia, em prol de um único objetivo, o de fazer o Carnaval, é o mais importante», disse o edil, anuindo que «tem de haver transparência e rigor contabilístico» e também «alteração aos estatutos».

 

Mónica Sofia Lopes