O impasse diretivo na Associação do Carnaval da Bairrada tem gerado alguma manifestação pública sobre a eventualidade do Carnaval de 2025 não vir a acontecer, tal como aconteceu com o Festival de Samba deste ano. Uma ideia que António Jorge Franco, presidente da Câmara da Mealhada, desmistificou, na última reunião do executivo, afirmando ter conhecimento «de uma lista a formar-se para ir a eleições». Enquanto isso não acontece e os protocolos financeiros não são assinados, as escolas de samba vão trabalhando nos seus enredos preparando-se para a edição de 2025.
A preocupação com a realização do Carnaval Luso Brasileiro da Bairrada em 2025 chegou também à reunião do executivo camarário, com Sónia Leite, eleita pelo Partido Socialista, a manifestar-se preocupada pelo facto «de não ter havido Festival de Samba este ano». «Causa-me admiração que não se tenha realizado a “Cidade do Samba”, um evento em que, há um ano, aprovamos inclusivamente um apoio e que considero que não devemos deixar cair pela importância que tem para o concelho», disse, questionando diretamente «se daqui a cinco meses se realizará o Carnaval de 2025?».
António Jorge Franco esclareceu que «as contas do Carnaval, que “apanha” o Festival de Samba de 2023 e o Carnaval deste ano, já foram remetidas para a Câmara Municipal, na noite da passada quarta-feira, e virão à próxima reunião». «Foi-me transmitido que a equipa demissionária tomou a decisão de não realizar o Festival de Samba. Houve a tentativa de se criar uma equipa, mas quase todas as escolas admitiram não conseguir fazer um festival como o dos anos anteriores. Ponderaram parar e a Câmara considerou que seria também a melhor opção», esclareceu o autarca, acrescentando ter conhecimento «de que há uma lista com uma equipa de trabalho a formar-se para ir a eleições (na ACB) e, portanto, não estou pessimista nesta matéria porque as escolas estão unidas no Carnaval de 2025. O Carnaval vai sair».
Sobre as contas de junho de 2023 a maio de 2024, apresentadas pela ACB em assembleia-geral, em que, recorde-se, houve contestação pelo facto de no período de apresentação das mesmas não ter sido permitido aos sócios se pronunciarem, o socialista Rui Marqueiro afirmou que «se inventou uma fórmula de votação, onde primeiro se votam os documentos e só depois se discutem».
Já depois da reunião, o nosso jornal foi saber junto das escolas como encaram, neste momento, a edição de 2025 do Carnaval, relativamente ao que toca aos preparativos do mesmo. «Já apresentamos o nosso enredo e hoje – noite de 30 de setembro – vamos ter reunião para analisar o caderno abre-alas. Estamos a trabalhar no tema e a ver orçamentos para fatos, mas enquanto não vier o protocolo da Câmara, trabalhamos a meio gás», referiu Andreia Rosa, do Batuque. Palavras corroboradas por Patrícia Pinto, dos Amigos da Tijuca, que sublinhou que «incertezas existem todos os anos, até porque a assinatura dos protocolos – entre Câmara, ACB e escolas – tem sido cada vez mais tarde». «Avançamos o máximo que podemos, na construção do enredo, que está mais do que definido, e na pesquisa de materiais. A única coisa que não fazemos é comprar um cêntimo que seja até haver protocolo, estando certa de que nunca se falou em não haver Carnaval de 2025».
Também com enredo apresentado está a escola Sócios da Mangueira. «Estamos a trabalhar para o Carnaval de 2025, já com sede aberta diariamente, e nem é uma opção que isso não aconteça», refuta Pedro Castela, recém-eleito presidente da direção.
Gilberto Lima, da Real Imperatriz, escola que vai a eleições em breve, considera que «não estará em causa a realização do Carnaval, até porque é a razão da nossa existência».
Texto de Mónica Sofia Lopes
Fotografia com Direitos Reservados ao «Carnaval da Mealhada»