«Estamos para lançar o caderno encargos da futura plataforma logística na Pampilhosa, para que, até final de agosto, já tenhamos propostas de empresas para o estudo que tem que ser feito nesta matéria». A novidade foi lançada, na sessão solene do arranque das comemorações do 39.º aniversário de elevação da Pampilhosa a vila, pelo presidente do Município da Mealhada, António Jorge Franco. Até domingo, a vila estará em festa e o presidente da Junta de Freguesia garante que «se as comemorações dos 39 anos serão marcantes, podem contar connosco para mais e melhor no 40.º aniversário».
A história da elevação da Pampilhosa a vila foi contada por Carlos Cabral, atual presidente da Assembleia Municipal da Mealhada, mas cujo desempenho autárquico no concelho mealhadense conta com umas dezenas de anos. «Era vereador na Câmara pela APU (Aliança Povo Unido) – coligação formada pelo PCP, Partido Ecologista e alguns movimentos independentes – e logo no primeiro mandato observei que as vilas tinham alguma preponderância administrativa nos concelhos. No nosso orçamento municipal, por exemplo, havia três critérios: o da vila da Mealhada, da vila de Luso e depois o resto das seis freguesias», começou por recordar o autarca, confessando «a dificuldade em entender o código administrativo, nomeadamente, esta hierarquia de classificações, até porque, nesta altura, a Pampilhosa era a freguesia mais populosa no concelho da Mealhada, com mais eleitores que a própria Mealhada».
«Analisei o processo, em que as classificações e legislação eram vagas, e falei com a então deputada à Assembleia da República Zita Seabra que elencou um conjunto de exigências que eram necessárias, nomeadamente, banco, farmácia, transportes públicos, cinema, casa de espetáculos e assim. E o facto é que a Pampilhosa tinha praticamente tudo», recordou Carlos Cabral, sobre um processo que «demorou quase dois anos».
O autarca sublinhou que, «apesar de alguma dificuldade localmente, a elevação a vila sempre contou com o apoio do dr.º Pires dos Santos (antigo presidente da Câmara)». Depois do processo dar entrada na Assembleia República, os órgãos locais tiveram que se pronunciar: «Na Junta e Assembleia de Freguesia da Pampilhosa, assim como na Câmara da Mealhada, houve unanimidade e apenas na Assembleia Municipal foi aprovada, por maioria, com um voto contra. Foi assim que seguiu para Lisboa». «Zita Seabra conduziu todos os trâmites e no final de 85 já em plenário, onde curiosamente não esteve e tiveram que ser outros deputados a assinar, o ato consumou-se. Apesar disso, não esqueço que foi a pessoa que mais se esforçou para que isto fosse realidade», sublinhou.
Na sessão dos 39 anos desta elevação, o presidente da Câmara da Mealhada trouxe à sessão solene algumas novidades sobre a plataforma logística da Pampilhosa, a instalar nos antigos terrenos da SOPREM. «Um projeto que começou há muitos anos e de há dois para cá começou a estar na agenda municipal, nacional e europeia, com um protocolo assinado entre o Município e os Portos de Aveiro e da Figueira da Foz. A Pampilhosa passou a estar na rede “core” (Rede Transeuropeia), os chamados “portos secos” que dão apoio a transporte de mercadorias, tirando assim esse peso às estradas nacionais e internacionais», referiu o autarca, adiantando que a Câmara e os Portos «já podem lançar concurso para que as empresas se possam candidatar a apresentar um estudo. Acreditamos que a médio / curto prazo haverá novidades de como ser gerida esta plataforma, que não tenho dúvidas de que trará investimento e captará pessoas».
«Em 2013 estava tudo pronto, mas o projeto teve que ser alterado porque as linhas têm que ter agora no mínimo 750 metros», referiu ainda Carlos Cabral, acrescentando que «o transporte ferroviário é o mais ecológico que existe. O rodoviário é caro e poluente».
Mónica Sofia Lopes