O monólogo «Ficheiros Secretos», do jornalista e escritor Luís Osório, passou pelo Cineteatro Messias, na Mealhada, na noite do passado sábado. Antes disso, o autor de obras como «A queda de um homem» e «Mãe, promete-me que lês», bem como da rubrica «Postal do Dia» da TSF, esteve na Biblioteca Municipal para um encontro com leitores, que juntou dezenas de pessoas.
«A escrita é um trabalho de arqueologia e de escavação, onde nos escavamos a nós próprios», começou por dizer Luís Osório, explicando que «“hoje” o tempo é de superfície, um tempo que não privilegia nem a lentidão, nem a profundidade. E quem pensa, quem cria, precisa do contrário, precisa de silêncio». «Hoje há uma total ausência de novas ideias», enfatizou ainda, confessando que «por respeito à escrita» não se assume escritor, porque diz ser «tantas outras coisas». «Para escrever é preciso o “nosso lugar” e fundamentalmente disciplina», aconselhou, em resposta a uma das perguntas do público.
«Ficheiros Secretos», lançado em 2021, são uma criação de Luís Osório, que o editor Rui Couceiro previu que viriam «a ser um sucesso». «Tem 37 anos, mas é uma pessoa que consegue aliar o mundo velho ao mundo novo. Lê compulsivamente e não tem televisão em casa», elogiou Luís Osório, desvendando que «Ficheiros Secretos» são o resultado de histórias que foi ouvindo na sua condição de jornalista. «Em 30 anos conheci muita gente deste país e tive o privilégio de muitas pessoas me contarem histórias, muitas sem importância, mas que eu acredito que são precisamente estas que definem as pessoas. Com este livro, de 50 capítulos, tentei definir o país que somos», declarou.
Nascido em 1971, Luís Osório, entre muitas outras coisas, realizou diversos documentários, foi diretor de jornais e de uma estação de rádio e foi premiado enquanto jornalista, tendo sido também nomeado três vezes para os Globos de Ouro.
No concelho da Mealhada, Luís Osório teve a oportunidade de plantar uma árvore na Mata Nacional do Bussaco, um dia antes de subir ao palco do Cineteatro Messias, onde contou, na plateia, com a presença de Marta Temido, ex-ministra da Saúde, e João Rasteiro, considerado um dos melhores poetas portugueses. Ambos assistiram ao monólogo «Ficheiros Secretos», adaptação do livro, que representa «uma performance inédita do jornalista e escritor, que arrisca o que nunca foi feito, convocando fantasmas e memórias de personagens que marcaram a história recente de Portugal, numa viagem comovente, divertida e arriscada».
Mónica Sofia Lopes