O Município de Anadia vai criar um Centro Municipal de Operações de Socorro. Para a concretização deste projeto vai ser celebrado um protocolo de colaboração, por dois anos, com a Associação Humanitária dos Bombeiros Voluntários de Anadia, entidade que será parceira na operacionalização desta resposta. A decisão foi aprovada, por maioria, na reunião de executivo, esta quinta-feira, dia 27 de janeiro, com a abstenção de André Henriques, eleito pelo Partido Socialista.

«O Centro vai ficar instalado no Quartel dos Bombeiros Voluntários de Anadia, funcionando 24 horas por dia, sete dias por semana. Para o efeito, vai ser criada uma linha de emergência designada de “Anadia Segura”, cujo número será divulgado oportunamente. Esta linha terá como objetivo a receção, o tratamento e o encaminhamento de todos os pedidos de socorro e/ou de colaboração efetuados pelos munícipes e, caso se revele necessário, acionará as Forças de Segurança, Proteção e Socorro, bem como os demais serviços com responsabilidade no concelho de Anadia. Pretende-se desta forma dar uma resposta mais célere e eficaz às necessidades das populações, contribuindo assim para a mitigação do risco, de forma a que os cidadãos tenham o socorro mais rápido, mais eficiente e adequado», lê-se num comunicado de imprensa da Autarquia de Anadia.

O protocolo de colaboração prevê que o Município de Anadia atribua uma comparticipação financeira anual de 76.380,00 euros (cerca de 6 mil e 365 euros por mês) para apoiar o funcionamento do Centro Municipal de Operações de Socorro. A autarquia irá ainda disponibilizar um veículo polivalente, devidamente equipado e demais logística para a operacionalização do serviço de resposta.

Da parte dos Bombeiros de Anadia serão disponibilizados os recursos humanos, com formação adequada, a afetar ao funcionamento do Centro e ao piquete de intervenção, denominado de Piquete de Resposta Municipal.

Sinalização de perigos, balizamento de áreas, derrocadas/desabamentos, obstrução de vias, danos em condutas, apoio aos serviços municipais, destruição de ninhos de vespas, captura de animais errantes, são algumas das áreas de intervenção do Centro Municipal de Operações de Socorro.

 

Oposição questiona novo serviço. PS abstém-se na votação

João Nogueira de Almeida, vereador eleito pelo PSD, declarou que o projeto «tem vantagens evidentes», mas questionou: «Quantos bombeiros vão estar afetos ao Centro? Vão estar permanentemente no local há espera ou em casa?».

Questões respondidas por Bruno Almeida, comandante dos Bombeiros de Anadia, que esteve também na sessão. «Este será um serviço respondido por todo o corpo efetivo dos Bombeiros. Todas as respostas necessárias serão dadas pelos operacionais, que duplicarão a sua função, sem comprometerem a parte operacional», referiu, acrescentando ainda: «Se é uma situação que precisa de ser resolvida na hora e estamos ocupados, teremos pessoas em casa prontas para saírem».

André Henriques, do PS, começou por dizer ter «muitas dúvidas». «Percebo que criar esta linha seja um projeto do Município, mas parece-me que está a utilizar recursos dos Bombeiros e a disponibilizar um valor relevante», disse, questionando: «A ideia é uma pessoa que vê uma derrocada, ligar para este numero e os Bombeiros ligarem para o piquete da Câmara? Como se assegura isto na altura dos incêndios?».

«A verdade é que muitos destes trabalhos nós já os fazemos. Ao abrigo deste protocolo, os bombeiros serão compensados, dando-lhes uma motivação maior que se refletirá no seu trabalho. Tudo isto foi analisado e discutido. Os bombeiros foram ouvidos e sondados para a disponibilidade. O objetivo desta central é ir mais longe que a resposta de socorro», referiu.

Teresa Cardoso, presidente da Câmara de Anadia, explicou que o programa prevê «recrutamento de pessoas, quer para a central, quer para os bombeiros. Se não se dá alguma coisa a mais aos Bombeiros qualquer dia não os temos». «O voluntariado não está fácil», lamentou, garantindo que «as Equipas de Intervenção Permanente não se misturam com este serviço». A autarca defendeu ainda que «os Bombeiros são parceiros neste projeto municipal». «Se a Associação entender que não tem capacidade de resposta, cá estaremos para fazer uma avaliação. Não nos estamos a servir da Associação e nem “a passar a bola”, queremos rentabilizar recursos», disse.

O vereador do PS declarou ainda que «do ponto de vista financeiro a informação não é clara. A forma como estes pontos vêm instruídos para a reunião de Câmara tem que ser diferente e melhor suportados». Declaração corroborada pela bancada do PSD e que levou a presidente da Câmara de Anadia a afirmar: «Se têm dúvidas, perguntem. O pior que podem fazer é votar contra porque têm dúvidas ou votarem a favor mesmo com dúvidas».

 

 

Mónica Sofia Lopes