Luís Marques, o grande mentor do Carnaval Luso-Brasileiro da Bairrada, recebeu a título póstumo, o prémio de Alto Prestígio 50 anos, numa Gala, que se realizou na noite do passado sábado, no Cineteatro Messias, e que foi abrilhantada pela artista Luciana Abreu e por Sérgio Lindo, que envergou a personagem de mascote Rei Momo. Na ocasião, foram apresentados um livro e um samba-enredo dedicados à efeméride.
«Se Luís Marques estivesse vivo estas poderiam ser as suas palavras. Tenho a certeza que agradeceria às milhares de pessoas que sempre participaram de algum modo no Carnaval, ao longo destes 50 anos. Vocês foram determinantes para o sucesso desta festa». As palavras são da família de Luís Marques que, por impossibilidade de estar presente, nomeou Carla Carvalheira, presidente da mesa da assembleia-geral da Associação do Carnaval da Bairrada, para ler uma mensagem.
«Para aqueles que com ele sofreram as dores deste parto, o seu particular agradecimento por terem acreditado que era possível. Hoje Luis Marques teria 113 anos e para as novas gerações que não o conheceram só quero deixar a ideia que devem seguir sempre os seus sonhos, pois com trabalho e dedicação não existem impossíveis», continua a família de Luís Marques, na voz de Carla Carvalheira, enfatizando que «sendo Luis Marques um otimista reconhecido por todos aqueles que o conheceram só pode terminar marcando um encontro aqui, neste lugar, com todos vocês para a celebração dos cem anos deste Carnaval». «Em meu nome só me resta agradecer esta memória do meu pai, pois acredito que enquanto nos lembrarmos de alguém, esse alguém permanece vivo», escreveu ainda.
Na ocasião foi também apresentado, por Nuno Canilho, o livro dos 50 anos da autoria de Mónica Lopes. «É muito difícil produzir um objeto destes. Não é fácil contar tantas histórias que acontecem ao mesmo tempo e, por isso, esta obra beneficia de uma recolha que não se vai repetir, uma vez que muitas das pessoas vão, naturalmente, desaparecendo», referiu, acrescentando que «este trabalho permitiu recolher muitos documentos e por isso é muito interessante e valioso. Vai estimular de certeza que cada uma das escolas escreva também o seu livro».
César Carvalheira recebeu o galardão de Dirigente 50 anos da Associação do Carnaval da Bairrada; Pedro Mamede o referente aos Amigos da Tijuca; Carlos Vaz o do Batuque; Armando Oliveira relativamente à Real Imperatriz; e José Lopes o dos Sócios da Mangueira. A Associação do Carnaval da Bairrada recebeu o galardão de Impacto Social 50 anos; o Jornal da Mealhada o prémio de Divulgação; João Peres o da Dedicação; e o de Mérito foi para a «Família Macaca», nomeadamente, António de Oliveira e filhos, João de Oliveira e António José de Oliveira, já falecidos. Houve ainda uma menção honrosa para José Duarte Castanheira, «Zé do Chico», que, do núcleo duro que organizou o Carnaval em 1971, onde estavam Luis Marques e Manuel Santos, é o único que ainda se encontra vivo.
«Nos últimos meses fomos desafiados a reinventarmo-nos e é assim que surge um livro, da autoria de Mónica Lopes, e um samba enredo, que fica para a história como um trabalho fabuloso da autoria de Alexandre Lopes», enalteceu Janine de Oliveira, presidente da direção da Associação do Carnaval da Bairrada, agradecendo «a partilha dos testemunhos da história» e elogiando «as escolas de samba do Carnaval da Mealhada pela criatividade e amor à causa. Parabéns e muito obrigada».
A noite terminou com o público de pé a dançar o samba enredo dos 50 anos do Carnaval Luso-Brasileiro da Bairrada cantado pelo seu mentor e tocado, ao vivo, pela bateria das quatro escolas.
Texto de Mónica Sofia Lopes
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