Nome: Pedro Gonçalo Batalha Santos Pereira
Idade: 27 anos
Naturalidade: Luso, concelho da Mealhada
Profissão: Enfermeiro
«Ótimas condições de trabalho» levaram Pedro Batalha, enfermeiro de profissão, natural de Luso, no concelho da Mealhada, a emigrar para Inglaterra. A pandemia por covid-19 travou as viagens deste jovem que, numa situação normal, vinha a Portugal de duas em duas semanas, para cumprir outra das suas paixões, a música, uma vez que para além de vocalista numa banda de música da região, Pedro Batalha já gravou dois singles: «Enamorado de ti» em 2020 e «Dime» em 2021.
Natural de Luso, Pedro Batalha fez todo o seu percurso escolar na Mealhada até ingressar na Escola Superior de Enfermagem de Coimbra. Antes de emigrar para Inglaterra em fevereiro de 2016, o jovem enfermeiro iniciou o seu percurso profissional numa Unidade de Cuidados Continuados em Algoz, concelho de Albufeira, no Algarve. Em 2018, volta a tentar trabalhar em Portugal, mas como «o regresso não foi o esperado», volta para Inglaterra, em 2020, concretamente para Southampton.
«No ano em que me licenciei era muito complicado obter um contrato de trabalho como enfermeiro, em meio hospitalar, em Portugal. As condições em Southampton eram ótimas e o facto de ir com colegas também facilitou a decisão», confessa Pedro Batalha, garantindo também que sempre gostou «de novas aventuras».
A escolha por Inglaterra em 2016 prendeu-se «pela facilidade na língua e também pelas condições». «Nesta altura, não se falava no Brexit», enfatiza o jovem, que garante que, naquele país, «se trabalha muito, a alimentação é complicada e o clima triste, mas as condições de trabalho são muito diferentes. Se colocarmos tudo numa balança, as condições de trabalho compensam».
Mas nem tudo é fácil para quem emigra. «Estamos longe da família, de amigos e do conforto e abraço dos “nossos”», lamenta o jovem, que garante, contudo, que o facto de estar acompanhado por outros colegas «facilita a adaptação». «O mais difícil de viver em Inglaterra é o clima. Deixamos de lado o nosso “sol” para viver praticamente todo o ano sob nuvens e chuva, mas como sempre digo não pode ser tudo bom…».
A par da enfermagem, Pedro Batalha tem uma grande paixão pela música, para além de vocalista no «Grupo Wave», já gravou também dois singles, um em 2020, outro recentemente, apresentado em julho passado. «Venho a Portugal com regularidade, nomeadamente de duas em duas semanas e, por vezes até, semanalmente, para poder ensaiar na banda», explica o enfermeiro, natural de Luso, acrescentando que é esta «loucura», de poder conjugar duas paixões, que lhe traz felicidade. «São noites dormidas em aeroportos, quatro a seis noites seguidas de trabalho e muitas viagens de avião, autocarro e comboio. Quem corre por gosto não cansa e é esta loucura que me faz feliz na vida!», confessa, lamentando que a pandemia por covid-19 tenha travado este ritmo: «A música ficou um bocadinho para trás porque só consegui vir a Portugal de meio em meio ano. Felizmente parece que as coisas estão a voltar ao normal e, portanto, a “loucura” vai começar novamente».
E pensa voltar de vez para Portugal? «Já voltei em 2018, mas infelizmente não consegui conciliar a música e a enfermagem como consigo em Inglaterra. Não consegui um contrato de trabalho e não me sentia “eu” sem a música», refuta o jovem, enaltecendo que «às vezes é preciso batermos com a cabeça na parede para percebermos qual o caminho certo para a nossa vida. Foi assim comigo. Agora sinto como se tivesse uma “vida dupla”, mas que está completa».
Covid-19 aumentou «angústia e saudade» de estar longe de Portugal
«Viver longe da família e de Portugal, por vezes, é angustiante e triste. Tornou-se ainda mais complicado com a covid e a limitação de viagens por consequência disso. Vim recentemente a Portugal, mas já não viaja desde setembro de 2020», lamenta Pedro Batalha, confessando terem sido «seis meses de angústia e de saudade», que o fizeram tornar-se «mais forte».
O jovem deixa até um incentivo a quem aposta no caminho da emigração. «Nem tudo é mau. Eu fui um sonhador e agora consigo partilhar esse sonho», afirma, explicando que muitas vezes se trabalha doze horas seguidas, se sente falta «do abraço, do conforto da família, do “cantinho português” e daquele cafezinho com amigos de infância». «Mas a saudade torna-nos mais fortes, lutadores e guerreiros e com a certeza de que Portugal é o melhor canto do mundo», enfatiza, aconselhando à emigração, «principalmente se esse for o caminho para realizar sonhos!».
Texto de Mónica Sofia Lopes
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