A Associação de Carnaval da Bairrada vai levar a cabo uma pintura urbana alusiva aos 50 anos do Carnaval Luso-Brasileiro da Mealhada numa das paredes do Pavilhão da Mealhada. A maquete do futuro mural foi realizada por alunos da Escola Profissional Vasconcellos Lebre, num projeto que envolveu três turmas e seis dezenas de alunos.
Sem os tradicionais festejos carnavalescos, a ACB tem-se desdobrado em ideias para que, mesmo em tempos de pandemia, os 50 anos do Carnaval Luso-Brasileiro da Bairrada possam ficar marcados na comunidade. A ideia da pintura urbana numa parede do Pavilhão da Mealhada, na que fica virada para o parque radical, surge, e segundo Janine de Oliveira, presidente da direção da ACB, «para tentar marcar uma época, uma vez que aquela infraestrutura começou por ser construída com o lucro dos primeiros corsos de Carnaval». «Simbolicamente faz todo o sentido e, por razões estéticas, fica bem estar naquele sítio, junto à linha do comboio, um local de passagem diária de muitos utilizadores desta via», defende.
O desafio aos alunos da EPVL coordenado por Ana Mannarino, diretora do Curso de Multimédia e docente de Design Gráfico, foi aceite com entusiasmo. «Para além dos alunos trabalharem em contexto real, enriquecem o seu portfólio que é, no fundo, a mais valia que cada um vai ter no mercado de trabalho», enaltece Ana Mannarino, enfatizando «a tarefa de pesquisa que foi realizada». «Há alunos que têm contacto com o Carnaval e o que representa na comunidade da Mealhada, mas outros não. Empenharam-se em conhecer a história do evento, em visualizar vídeos e até em ouvir samba em algumas aulas. No fundo, uma aprendizagem necessária para aquilo que o futuro profissional também os reserva», explica a docente.
Em duas semanas, os 60 alunos de três turmas – Multimédia do 10.º e 11.º e Design Gráfico do 12.º – dividiram-se em grupos e apresentaram 16 propostas. Destas, foram os próprios criadores a votarem três trabalhos finais que remeteram para a Associação de Carnaval. Só um verá a «luz do dia» que, apesar de já escolhido, só será divulgado daqui a algumas semanas. Para breve, no fim-de-semana em que se realizariam os corsos do Carnaval, os 16 trabalhos serão tornados públicos através de uma exposição virtual.
Dois dos trabalhos que chegaram à final são de alunos do 10.º ano de Multimédia. Maria Santos faz parte de um desses grupos. «Juntámo-nos e começámos por pesquisar arte urbana, depois os conceitos e as imagens que mais gostávamos alusivos ao tema. Selecionámos algumas ideias e chegámos à final», explica a jovem de 15 anos, levantando o véu de uma das imagens: «Um dos lados tem triângulos com as cores das escolas de samba, que se vão dissipando para o outro lado até se visualizar uma passista».
Eric Rodrigues, também no primeiro ano do curso de Multimédia, explicou, ao nosso jornal, que o seu grupo pegou em três pontos-chave: folia, samba e carnaval. «Temos o Rei Momo, símbolo do Carnaval, ladeado por quatro passistas com as cores das respetivas escolas de samba que desfilam atualmente no Carnaval da Mealhada. Também desenhámos confettis que representam a folia e diversão e temos uma alusão aos 50 anos do Carnaval», descreveu.
Ana Mannarino não podia estar mais satisfeita com a dinâmica do projeto. «Multimédia não é só computador, também passa pela mesa e pelo tato. Foram projetos criados na perspetiva real de serem executados pelos próprios, com ajuda de parceiros, numa parede de 7 x 22 metros», elogia a docente, concluindo que «o próximo desafio – o da pintura na parede – vai requerer ainda mais metodologia».
«Estamos a preparar alunos, mas também cidadãos responsáveis», diz Carlos Sousa
Para Carlos Sousa, diretor da Escola Profissional da Mealhada, «esta iniciativa vai ao encontro do projeto educativo da escola, envolvendo os alunos no meio onde esta se insere, no caso concreto na Mealhada, na região da Bairrada». «Estas dinâmicas dão competências aos alunos completamente diferentes das que têm em contexto de sala de aula. Estamos a preparar alunos, mas também cidadãos responsáveis», sublinhou, destacando ainda a importância deste tipo de projetos como ferramenta na avaliação que é feita pelos docentes.
«Para a escola estas iniciativas são um orgulho, não só pela qualidade dos trabalhos apresentados que demonstram empenho de alunos e professores; mas também pelo impacto na comunidade. A propósito deste projeto, que já teve eco na comunidade, tivemos solicitações por parte de outras entidades», rematou.
Mónica Sofia Lopes