No passado domingo, dia 27 de setembro, no Museu Militar do Bussaco, foi assinado o protocolo de integração do projeto europeu Interreg NAPOCTEP na Federação Europeia das Cidades Napoleónicas. Um projeto que visa transformar o legado das invasões francesas num produto turístico militar e que, ontem, no Luso, foi alvo de debate com a participação, entre outros, de um descendente de Napoleão Bonaparte, Charles Bonaparte.

O projeto Interreg NAPOCTEP – Rotas Napoleónicas por Espanha e Portugal –, liderado pela Comunidade Intermunicipal da Região de Coimbra, visa transformar o património do tempo das invasões francesas num produto turístico de qualidade e sustentável, capaz de criar riqueza e emprego em zonas castelhanas e espanholas e no centro de Portugal, ameaçadas pelo despovoamento e envelhecimento.

Um trabalho que, segundo Jorge Brito, secretário executivo da CIM-Região de Coimbra, começou a ser feito há muito tempo, com a colaboração de diversos parceiros, nomeadamente a Universidade de Coimbra na parte da investigação. «Só assim temos um produto consolidado», afiançou Jorge Brito, garantindo que «há um compromisso político onde as invasões francesas têm um papel fundamental nos 19 municípios da região». «Estamos cientes e crentes que é preciso pensar a atividade turística neste mundo pós-covid. Sabemos que temos que estar preparados para a nova procura e que os produtos turísticos culturais estarão bem posicionados», enfatizou, acrescentando que os 19 municípios da CIM Região de Coimbra estão nisto com espírito «agregador e solidário».

Também Filomena Pinheiro, diretora de Departamento de Estratégia e Operação da Turismo Centro de Portugal, afirmou que «trabalhar em rede é fundamental para estruturar a oferta turística» e que, por isso, não tem dúvidas de que se vai conseguir «construir um produto turístico e de exemplo de boas práticas, a nível nacional e internacional». «O Centro de Portugal foi palco de toda a história de Portugal», enalteceu, acrescentando que «o turista que procura cultura é muito exigente» e que, por isso, houve «necessidade de um profundo levantamento de conteúdo».

«Esta é uma grande oportunidade de nos afirmarmos com turismo cultural, um produto vigente durante todo o ano e que, neste momento, até permite distanciamento social», disse ainda Filomena Pinheiro, explicando que o Turismo Centro de Portugal está a desenvolver ações «para capacitar e sensibilizar os agentes económicos para as potencialidades do território».

Também Teresa Ferreira, diretora do Departamento de Dinamização da Oferta e dos Recursos da Turismo de Portugal, garantiu que «o turismo militar está identificado como um dos produtos de património identificador», destacando que a temática das invasões francesas representa «o descobrir do interior de Portugal». Por outro lado, defende que «o turismo é uma atividade económica» e que, por isso, é importante «trazer as empresas e mostrar-lhes o produto para elas próprias se organizarem e apostarem em oportunidades de negócio».

Na manhã de domingo decorreu uma missa campal no Obelisco (sem participação de público), seguida da deposição de uma coroa de flores no Monumento Comemorativo da Batalha do Bussaco. Já a tarde, decorreu um desfile da Associação Napoleónica Portuguesa pela Av. Emídio Navarro, no Luso, e, no Museu Militar, a Assinatura do Protocolo de integração do projeto NAPOCTEP na Federação Europeia das Cidades Napoleónicas.

 

Charles Bonaparte plantou «Oliveira da Paz» no Bussaco

Charles Bonaparte com António Gravato

Charles Bonaparte, descendente de Napoleão Bonaparte e presidente da Federação Europeia de Cidades Napoleónicas, também ontem, plantou uma oliveira na Mata Nacional do Buçaco, no âmbito das comemorações dos 210 anos da Batalha do Bussaco.

Charles Bonaparte deixou uma oliveira, árvore símbolo da Paz, num ato de duplo significado: celebrar o Dia da Cooperação Europeia e marcar a integração do projeto europeu Interreg NAPOCTEP na Federação Europeia das Cidades Napoleónicas, cujo protocolo será assinado hoje, no preciso dia em que passam 210 anos da Batalha do Bussaco.

«Que esta árvore perdure e simbolize a cooperação, a amizade, a fraternidade entre povos e nações e que a história não seja esquecida, mas sirva para fundar um futuro melhor para as gerações e os povos», disse.

 

 

Texto de Mónica Sofia Lopes

Galeria de fotografias, de José Moura, em https://www.facebook.com/bairradainformacao